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“Vamos cortar os votos aos que cortaram salários e pensões”

Marisa Matias acusou PS e PSD de terem feito uma campanha de “birras quezilentas” para afastarem as pessoas destas eleições europeias. E desafiou os que pensam abster-se a protestar nas urnas, “cortando onde mais dói ao Governo: nos votos”. João Semedo, Shahd Wadi, Fabíola Cardoso e Jose Manuel Pureza também falaram neste comício em Coimbra, onde Alfredo Barroso veio apelar ao voto no Bloco no próximo domingo.
Foto Paulete Matos.

Marisa Matias acusou os partidos do “bloco central” de terem estado toda a campanha a contribuir para a abstenção “com as suas birras quezilentas”. “Como é que querem que as pessoas se interessem pela política e pelo sistema político?”, questionou Marisa Matias, acusando as candidaturas do PS e do PSD-CDS de fazerem uma campanha para aumentar a abstenção. 

“A abstenção não é solução nenhuma. Ela não tem parado de aumentar em Portugal. Se a abstenção resolvesse alguma coisa, o país estaria melhor”, prosseguiu a candidata do Bloco, apelando em contrapartida à participação de todas as pessoas que sofreram com as políticas de austeridade dos últimos anos. “Aos que cortaram nos salários e nas pensões, aos que cortaram na saúde e educação, aos que cortaram no Estado Social e nas nossas vidas, aos que nos cortaram o país e o futuro, vamos cortar-lhes onde mais dói: vamos cortar-lhes os votos, já que não se preocupam com a vida das pessoas”, apelou Marisa Matias.

Tal como fez várias vezes ao longo da campanha, Marisa Matias voltou a desafiar Francisco Assis a explicar a sua defesa do Tratado Orçamental. “Não compreendo como é que o PS que foi um dos obreiros do Estado Social queira agora renegar essa história ao aceitar um Tratado Orçamental que é totalmente incompatível com a continuação do Estado Social em Portugal”. Para a eurodeputada bloquista, “o Tratado anula o Estado Social, anula o emprego e a possibilidade de crescimento” e por isso deve ser rejeitado.

“Aos que cortaram nos salários e nas pensões, aos que cortaram na saúde e educação, aos que cortaram no Estado Social e nas nossas vidas, aos que nos cortaram o país e o futuro, vamos cortar-lhes onde mais dói: vamos cortar-lhes os votos, já que não se preocupam com a vida das pessoas”, apelou Marisa Matias.

O Tratado Orçamental, como a austeridade e o emprego foram os temas sempre presentes na campanha do Bloco e Marisa Matias defendeu essa escolha: “são temas europeus e nacionais, porque é com base na sua aceitação ou na sua rejeição que nós escolhemos que futuro, que país e que projeto europeu queremos ter”. Ao contrário das campanhas que “se fecharam em caves” ou que “discutiram a qualidade do pescado”, “fizemos a campanha na rua, ao lado das pessoas: das que nos apoiaram, mas também das que perderam a esperança no sistema político”. “Faz falta ouvir cada vez mais as pessoas, defendeu a candidata do Bloco antes de recordar alguns casos de dificuldades e de lutas que encontrou ao longo desta campanha.

João Semedo: “O desafio até às eleições é disputar a eleição do segundo eurodeputado”

O coordenador bloquista apelou ao voto no próximo domingo, dirigindo-se ao eleitorado ainda indeciso sobre a melhor forma de penalizar uma direita “que tem a derrota chapada na cara". “A esquerda tem uma opção: queremos alternativa à austeridade ou austeridade alternativa? Quem ouve o PS, a opção parece ser entre meia austeridade e austeridade e meia”, afirmou João Semedo, contrapondo a opção proposta pelo Bloco: “libertar o país dos juros e da dívida, batendo o pé aos credores e à elite europeia, impondo a renegociação da dívida”.

João Semedo assumiu que a tarefa até às eleições é “disputar a eleição do segundo eurodeputado do Bloco com determinação e coragem” e defendeu que “a esquerda que vota para empurrar o PS quando o PS não quer ser empurrado para a esquerda, desperdiça o seu voto, é um voto inútil”. Para o coordenador do Bloco, “a esquerda que quer esquerda vota Bloco de Esquerda”, pois os votos do Bloco “entram nas contas da esquerda” e não “se irá perder nas contas daqueles para quem estas contas só contam para si próprios”. “Nós não somos a esquerda que gosta de andar sozinha e que só pensa em si própria. Somos uma esquerda para construir com outros e outras um caminho, uma alternativa democrática e de esquerda, rumo ao socialismo, contra a austeridade, os credores e a elite europeia”, concluiu.

Shahd Wadi: “A dignidade humana não pode ser adiada”

A candidata luso-palestiniana nas listas do Bloco de Esquerda recordou na sua intervenção a solidariedade que sentiu da parte de Marisa Matias, Miguel Portas e Alda Sousa no Parlamento Europeu. “Estiveram ao meu lado como mulher, como jovem, como estudante, como emigrante, como trabalhadora, como portuguesa e sobretudo como Palestiniana”.

“Estou aqui hoje, de pé, contra as injustiças desumanas, sejam elas no Egipto, na Palestina ou aqui na Europa”, concluiu a candidata bloquista.

“A solidariedade com a Palestina não foi adiada, destacou-se nos mandatos do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, porque a dignidade humana não pode ser adiada”, defendeu Shahd Wadi, acrescentando que “a liberdade do povo palestiniano e do povo saharaui é da responsabilidade da Europa e mais especificamente nossa, aqui em Portugal”, onde a Constituição defende defende “o direito à autodeterminação dos povos, à independência, e o direito à revolta contra todas as formas de opressão”.

“Estou aqui hoje, de pé, contra as injustiças desumanas, sejam elas no Egipto, na Palestina ou aqui na Europa”, concluiu a candidata bloquista.

Fabíola Cardoso: “É importante votar em quem tem a coragem de defender todos os direitos para todos”

A candidata do Bloco e ativista LGBT interveio no comício do Pátio da Inquisição para falar de “dois exemplos que há 500 anos me levariam para o centro desta praça”: a transexualidade e as famílias LGBT. No primeiro exemplo, destacou a lei de identidade de género, que permite o acesso a documentos de uma nova identidade. “Agora imaginem o que era não existir o Bloco de Esquerda e esta lei, imaginem o que é este cenário de austeridade e desemprego em que vivemos todos aplicados a uma pessoa trans”, prosseguiu Fabíola Cardoso.

Fabíola Cardoso sublinhou a importância da ação do Bloco de Esquerda para “puxar” os direitos LGBT para a agenda política, obrigando os outros partidos da esquerda a ir “a reboque” das iniciativas bloquistas.

No segundo exemplo, a fundadora da associação lésbica Clube Safo procurou mostrar as diferenças políticas quanto ao reconhecimento dos direitos das famílias LGBT, com o PS a aprovar “uma lei de casamento em Portugal sem a parentalidade” e a consequente desproteção das crianças que com o chumbo da lei da adoção passaram a ser discriminadas pelo Estado em função da orientação sexual dos seus pais. Fabíola Cardoso voltou a sublinhar a ação do Bloco de Esquerda para “puxar” estes temas para a agenda política, obrigando os outros partidos da esquerda a ir “a reboque” das iniciativas bloquistas.

José Manuel Pureza: “Não desistimos de nada nem de ninguém”

Na sua intervenção, o antigo deputado bloquista por Coimbra dirigiu-se aos que pensam abster-se no domingo e assim “resignar-se à barbárie que nos está a ser imposta”. “Vejam a Grécia: o vosso voto pode mudar a vossa vida, as nossas vidas. E esse voto, que muda, que transforma a raiva em soluções concretas, tem um nome  muito claro: Bloco de Esquerda”.

“A esquerda que somos tem esta fibra extraordinária, não se aquieta, não se tranquiliza, não amolece nem pactua com a direita”, prosseguiu Pureza.

Pureza defendeu o voto numa esquerda que não finge “que isto da austeridade é tudo uma questão de dose - há a má que é à bruta e há a boa que é às colheres, PEC a PEC”. “A esquerda que somos tem esta fibra extraordinária, não se aquieta, não se tranquiliza, não amolece nem pactua com a direita”, prosseguiu Pureza.

Evocando Miguel Portas, Pureza lembrou o ensinamento contido na frase “não desisti de nada”: “não desistir nunca de aprender com quem sofre, com quem é discriminado, com quem tem a sabedoria do trabalho e da vida, não desistir deste povo a troco de uma Europa sem democracia e sem direitos. Não desistir do internacionalismo dos povos, quando os seus governos lhes negam a liberdade”. Uma forma de viver e de lutar que Marisa Matias, “com a sua doce tenacidade”, vem prosseguindo.

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