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“Vamos cortar os votos aos que cortaram salários e pensões”

Marisa Matias acusou os partidos do “bloco central” de terem estado toda a campanha a contribuir para a abstenção “com as suas birras quezilentas”. “Como é que querem que as pessoas se interessem pela política e pelo sistema político?”, questionou Marisa Matias, acusando as candidaturas do PS e do PSD-CDS de fazerem uma campanha para aumentar a abstenção.
“A abstenção não é solução nenhuma. Ela não tem parado de aumentar em Portugal. Se a abstenção resolvesse alguma coisa, o país estaria melhor”, prosseguiu a candidata do Bloco, apelando em contrapartida à participação de todas as pessoas que sofreram com as políticas de austeridade dos últimos anos. “Aos que cortaram nos salários e nas pensões, aos que cortaram na saúde e educação, aos que cortaram no Estado Social e nas nossas vidas, aos que nos cortaram o país e o futuro, vamos cortar-lhes onde mais dói: vamos cortar-lhes os votos, já que não se preocupam com a vida das pessoas”, apelou Marisa Matias.
Tal como fez várias vezes ao longo da campanha, Marisa Matias voltou a desafiar Francisco Assis a explicar a sua defesa do Tratado Orçamental. “Não compreendo como é que o PS que foi um dos obreiros do Estado Social queira agora renegar essa história ao aceitar um Tratado Orçamental que é totalmente incompatível com a continuação do Estado Social em Portugal”. Para a eurodeputada bloquista, “o Tratado anula o Estado Social, anula o emprego e a possibilidade de crescimento” e por isso deve ser rejeitado.
“Aos que cortaram nos salários e nas pensões, aos que cortaram na saúde e educação, aos que cortaram no Estado Social e nas nossas vidas, aos que nos cortaram o país e o futuro, vamos cortar-lhes onde mais dói: vamos cortar-lhes os votos, já que não se preocupam com a vida das pessoas”, apelou Marisa Matias.
O Tratado Orçamental, como a austeridade e o emprego foram os temas sempre presentes na campanha do Bloco e Marisa Matias defendeu essa escolha: “são temas europeus e nacionais, porque é com base na sua aceitação ou na sua rejeição que nós escolhemos que futuro, que país e que projeto europeu queremos ter”. Ao contrário das campanhas que “se fecharam em caves” ou que “discutiram a qualidade do pescado”, “fizemos a campanha na rua, ao lado das pessoas: das que nos apoiaram, mas também das que perderam a esperança no sistema político”. “Faz falta ouvir cada vez mais as pessoas, defendeu a candidata do Bloco antes de recordar alguns casos de dificuldades e de lutas que encontrou ao longo desta campanha.
João Semedo: “O desafio até às eleições é disputar a eleição do segundo eurodeputado”
O coordenador bloquista apelou ao voto no próximo domingo, dirigindo-se ao eleitorado ainda indeciso sobre a melhor forma de penalizar uma direita “que tem a derrota chapada na cara". “A esquerda tem uma opção: queremos alternativa à austeridade ou austeridade alternativa? Quem ouve o PS, a opção parece ser entre meia austeridade e austeridade e meia”, afirmou João Semedo, contrapondo a opção proposta pelo Bloco: “libertar o país dos juros e da dívida, batendo o pé aos credores e à elite europeia, impondo a renegociação da dívida”.
João Semedo assumiu que a tarefa até às eleições é “disputar a eleição do segundo eurodeputado do Bloco com determinação e coragem” e defendeu que “a esquerda que vota para empurrar o PS quando o PS não quer ser empurrado para a esquerda, desperdiça o seu voto, é um voto inútil”. Para o coordenador do Bloco, “a esquerda que quer esquerda vota Bloco de Esquerda”, pois os votos do Bloco “entram nas contas da esquerda” e não “se irá perder nas contas daqueles para quem estas contas só contam para si próprios”. “Nós não somos a esquerda que gosta de andar sozinha e que só pensa em si própria. Somos uma esquerda para construir com outros e outras um caminho, uma alternativa democrática e de esquerda, rumo ao socialismo, contra a austeridade, os credores e a elite europeia”, concluiu.
Shahd Wadi: “A dignidade humana não pode ser adiada”
A candidata luso-palestiniana nas listas do Bloco de Esquerda recordou na sua intervenção a solidariedade que sentiu da parte de Marisa Matias, Miguel Portas e Alda Sousa no Parlamento Europeu. “Estiveram ao meu lado como mulher, como jovem, como estudante, como emigrante, como trabalhadora, como portuguesa e sobretudo como Palestiniana”.
“Estou aqui hoje, de pé, contra as injustiças desumanas, sejam elas no Egipto, na Palestina ou aqui na Europa”, concluiu a candidata bloquista.
“A solidariedade com a Palestina não foi adiada, destacou-se nos mandatos do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, porque a dignidade humana não pode ser adiada”, defendeu Shahd Wadi, acrescentando que “a liberdade do povo palestiniano e do povo saharaui é da responsabilidade da Europa e mais especificamente nossa, aqui em Portugal”, onde a Constituição defende defende “o direito à autodeterminação dos povos, à independência, e o direito à revolta contra todas as formas de opressão”.
“Estou aqui hoje, de pé, contra as injustiças desumanas, sejam elas no Egipto, na Palestina ou aqui na Europa”, concluiu a candidata bloquista.
Fabíola Cardoso: “É importante votar em quem tem a coragem de defender todos os direitos para todos”
A candidata do Bloco e ativista LGBT interveio no comício do Pátio da Inquisição para falar de “dois exemplos que há 500 anos me levariam para o centro desta praça”: a transexualidade e as famílias LGBT. No primeiro exemplo, destacou a lei de identidade de género, que permite o acesso a documentos de uma nova identidade. “Agora imaginem o que era não existir o Bloco de Esquerda e esta lei, imaginem o que é este cenário de austeridade e desemprego em que vivemos todos aplicados a uma pessoa trans”, prosseguiu Fabíola Cardoso.
Fabíola Cardoso sublinhou a importância da ação do Bloco de Esquerda para “puxar” os direitos LGBT para a agenda política, obrigando os outros partidos da esquerda a ir “a reboque” das iniciativas bloquistas.
No segundo exemplo, a fundadora da associação lésbica Clube Safo procurou mostrar as diferenças políticas quanto ao reconhecimento dos direitos das famílias LGBT, com o PS a aprovar “uma lei de casamento em Portugal sem a parentalidade” e a consequente desproteção das crianças que com o chumbo da lei da adoção passaram a ser discriminadas pelo Estado em função da orientação sexual dos seus pais. Fabíola Cardoso voltou a sublinhar a ação do Bloco de Esquerda para “puxar” estes temas para a agenda política, obrigando os outros partidos da esquerda a ir “a reboque” das iniciativas bloquistas.
José Manuel Pureza: “Não desistimos de nada nem de ninguém”
Na sua intervenção, o antigo deputado bloquista por Coimbra dirigiu-se aos que pensam abster-se no domingo e assim “resignar-se à barbárie que nos está a ser imposta”. “Vejam a Grécia: o vosso voto pode mudar a vossa vida, as nossas vidas. E esse voto, que muda, que transforma a raiva em soluções concretas, tem um nome muito claro: Bloco de Esquerda”.
“A esquerda que somos tem esta fibra extraordinária, não se aquieta, não se tranquiliza, não amolece nem pactua com a direita”, prosseguiu Pureza.
Pureza defendeu o voto numa esquerda que não finge “que isto da austeridade é tudo uma questão de dose - há a má que é à bruta e há a boa que é às colheres, PEC a PEC”. “A esquerda que somos tem esta fibra extraordinária, não se aquieta, não se tranquiliza, não amolece nem pactua com a direita”, prosseguiu Pureza.
Evocando Miguel Portas, Pureza lembrou o ensinamento contido na frase “não desisti de nada”: “não desistir nunca de aprender com quem sofre, com quem é discriminado, com quem tem a sabedoria do trabalho e da vida, não desistir deste povo a troco de uma Europa sem democracia e sem direitos. Não desistir do internacionalismo dos povos, quando os seus governos lhes negam a liberdade”. Uma forma de viver e de lutar que Marisa Matias, “com a sua doce tenacidade”, vem prosseguindo.
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