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Um terço da população fugiu de Nagorno-Karabakh

Num primeiro balanço de baixas da ofensiva do exército do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, houve no ataque relâmpago de um dia mais de 400 mortes. Do lado azeri reconhecem-se 192 soldados mortos e um civil, para além de mais de 500 feridos. Do lado dos separatistas arménios contabilizam-se 213 soldados mortos.
Está agora em vigor um acordo de cessar-fogo que passou pela entrega de armas dos separatistas e seguir-se-á a reintegração formal do território no Estado azeri que prometeu respeitar os direitos dos arménios. Nisso não acreditarão os milhares de arménios, que eram a maioria da população no enclave que oficialmente pertencia ao Azerbaijão desde os tempos da União Soviética, que já fugiram ou ainda estão em fuga com medo de represálias do novo poder. Terão sido já perto de 50 mil pessoas a fugir para a Arménia de um total de 150 mil habitantes.
A única passagem entre a capital Stepanakert e a Arménia, uma estrada de montanha que estava bloqueada pelas forças do Azerbaijão, cortando o território de ligação externa não dominada pelo exército azeri e provocando escassez dada a impossibilidade de entrada de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais, foi agora reaberta e está engarrafada há vários dias com pessoas a dormirem nos seus carros. O êxodo está a ser acompanhado pelas forças russas, presentes no terreno desde o último conflito enquanto força de interposição.
Na noite da passada segunda-feira, uma outra tragédia se abateu sobre a região com a explosão de um depósito de combustível que causou a morte a pelo menos 68 pessoas, havendo 105 desaparecidos e perto de 300 feridos segundo fontes da Procuradoria de Karabakh, citadas pela Reuters. Não há confirmação de que o incidente tenha a ver com o ataque militar. O próprio lado arménio considera improvável que tenha havido sabotagem e que terá sido resultado de negligência. A explosão vitimou tantas pessoas porque nas imediações havia filas de carros que procuravam sair do enclave.
Um ex-dirigente da república separatista que dominava a região foi preso esta quarta-feira quando também ele tentava entrar na Arménia. Ruben Vardanyan é um banqueiro bilionário e foi chefe do governo do enclave entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Não se conhecem os motivos específicos da prisão para além da declaração do presidente Ilham Aliyev de que “acusámos elementos do regime criminoso e iremos levá-los à justiça”.
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