Trump nomeia uma “católica radical” para substituir Ginsburg

27 de setembro 2020 - 11:02

Democratas são críticos de qualquer nomeação que ocorra antes da tomada de posse do presidente eleito em novembro. Com a entrada de Amy Coney Barrett, o Supremo Tribunal dos EUA passa a ter uma clara maioria conservadora, com seis juízes em nove.

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A juíza Amy Coney Barrett discursa nos jardins da Casa Branca após a nomeação para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América.
A juíza Amy Coney Barrett discursa nos jardins da Casa Branca após a nomeação para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América. Fotografia de Shawn Thew/EPA/Lusa.

Donald Trump nomeou a juíza Amy Coney Barrett para substituir Ruth Bader Ginsburg no Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América. Se a sua nomeação for confirmada no Senado, aos 48 anos Barrett será a mais jovem juíza a assumir este cargo. 

Mas a reação não se fez esperar. Os críticos da nomeação qualificam Amy Coney Barret como uma “fanática ideológica” e “católica radical” que ameaça o direito à interrupção voluntária da gravidez, o sistema de saúde e o ambiente, faz saber o Guardian. 

Barrett é uma católica devota que pertence a uma congregação religiosa particularmente conservadora, a People of Praise, que defende, entre outras coisas, a manutenção dos papéis tradicionais de género que colocam o homem como líder máximo da família. Defende também o originalismo constitucional, uma leitura à letra da constituição do país defendendo-a a partir dos valores do século XVIII. É uma visão que partilhava com o antigo juiz conservador Antonin Scalia, com quem trabalhou.

Possivelmente a prever essas críticas, no discurso de nomeação Trump fez saber que considera que "não há ninguém melhor do que Amy Coney Barrett" para defender "a sobrevivência da segunda emenda, da liberdade religiosa”. 

Francisco Louçã
Francisco Louçã

A vaga reacionária no Supremo Tribunal dos EUA

10 de julho 2018

O Partido Democrata também reagiu. Em comunicado, Joe Biden fez saber que a juíza põe em causa a cobertura do sistema de saúde do país e que o partido discorda de qualquer nomeação feita antes de 20 de janeiro de 2021, a data da tomada de posse do presidente eleito nas eleições de 3 de novembro. É que com esta nomeação, a balança do Supremo Tribunal do país pende claramente para o lado conservador, com seis juízes em nove. Os juízes do Supremo Tribunal podem ocupar o cargo de forma vitalícia.

Justificando a sua decisão de nomear Barrett antes mesmo das eleições, Trump afirmou que é bom que o Supremo Tribunal norte americano tenha nove juízes, uma vez que estes serão necessários para avaliar o “esquema” usado pelos democratas. Por “esquema” Trump refere-se ao voto postal, que o atual Presidente dos EUA qualifica como uma fraude.

Amy Coney Barrett terá feito parte da lista de possíveis nomeados já em 2018, quando Donald Trump acabou por escolher Brett Kavanaugh para substituir Anthony Kennedy, numa nomeação ainda mais polémica devido às acusações de abuso sexual.