Trabalho

Trabalhadores da OGMA em greve na luta pelo salário

20 de maio 2024 - 21:24

Centenas de trabalhadores protestaram esta segunda-feira em frente às instalações da empresa, numa forte jornada de protesto por aumentos salariais, perante a intransigência e as tentativas de intimidação da administração.

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Trabalhadores da OGMA em greve
Foto Esquerda.net.

Os trabalhadores da OGMA estiveram em greve esta segunda-feira, numa paralisação de 4 horas que abrangeu parte dos turnos da manhã e da tarde. A greve foi decidida num plenário no início do mês, após negociações que esbarraram na intransigência da administração, juntando os três principais sindicatos presentes na empresa: o Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresa de Defesa (STEFFAs), o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) e o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA). 

Em comunicado conjunto, os três sindicatos acusam a administração de gastar dinheiro em tudo, nomeadamente no recurso à subcontratação, excepto na valorização dos salários. Após um longo período sem qualquer aumento, entre 2010 e 2017, nos anos seguintes os aumentos foram sempre muito baixos, de 2% ou menos. O ano passado, apesar da perda acumulada de poder de compra, os aumentos voltaram a não cobrir a inflação. O resultado são salários baixos e uma grande dificuldade em fixar profissionais, apesar de ser uma empresa de grande dimensão e com trabalho qualificado. 

A proposta sindical, aprovada em plenário, é uma atualização de valor idêntico para todos os trabalhadores: 80 euros a partir de abril e 100 euros a partir de setembro. A administração da empresa, dominada pela multinacional brasileira Embraer desde a privatização em 2005, insiste em aumentos de apenas 2,5% e em empurrar para componentes não salariais, nomeadamente o subsídio de alimentação.

Os sindicatos acusam a administração de juntar a intransigência negocial à tentativa de limitar o direito à greve. Naquilo que descrevem como uma manobra de intimidação, relatam a realização de reuniões das chefias com pequenos grupos, na passada sexta-feira, em que os trabalhadores eram ameaçados com aumentos ainda mais baixos, por ato de gestão, se a greve se concretizasse.

Além da greve, que teve forte adesão, o protesto incluiu uma concentração em frente às instalações da empresa, em Alverca, com a presença de várias centenas de trabalhadores. Alexandre Plácido, coordenador do STEFFAs, dirigindo-se aos trabalhadores, salientou a grande mobilização e a coragem dos trabalhadores, apesar do "ato lamentável de chantagem" da administração. Também presente no protesto, Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, referiu-se também à força da mobilização e destacou a importância da luta pelo salário.

Na concentração, que contou com a presença de Mariana Mortágua, em solidariedade com os trabalhadores, foi decidida ainda a realização de um novo plenário geral de trabalhadores no próximo dia 29, com vista a avaliar a situação e, mantendo-se a resistência da administração da empresa, avançar para novas formas de luta.