Sonda chinesa pousa na Lua

15 de dezembro 2013 - 0:00

A China tornou-se, neste sábado, o terceiro país a conseguir pousar uma sonda na Lua, depois dos EUA e da ex-União Soviética. A última vez que operação havia sido concluída com êxito foi em 1976, pela URSS.

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A Chang E3, lançada da base aérea de Xichang no último dia 2 de dezembro, e que orbitava a uma velocidade de 1,7 quilómetros por segundo, começou a desacelerar quando se encontrava a 15 quilómetros da superfície lunar e pousou com sucesso às 13h12 (de Lisboa)

A sonda não tripulada chinesa Chang E3 pousou neste sábado (14/12) na cratera lunar Sinus Iridum, o que transforma o país asiático no terceiro, após os Estados Unidos e a União Soviética, a conseguir uma nave na Lua, de forma controlada, 37 anos e quatro meses depois da anterior.

O último pouso controlado de uma nave na Lua foi a da sonda soviética Luna 24, da extinta União Soviética, no dia 18 de agosto de 1976.

A Chang E3, lançada da base aérea de Xichang no último dia 2 de dezembro, e que orbitava a uma velocidade de 1,7 quilómetros por segundo, começou a desacelerar quando se encontrava a 15 quilómetros da superfície lunar e pousou com sucesso às 13h12 (de Lisboa).

A manobra, que foi retransmitida ao vivo por vários canais da televisão estatal chinesa, durou 12 minutos, nos quais o aparelho desceu descrevendo uma parábola até que se situou a cerca de 100 metros da superfície do satélite, momento no qual planou suavemente até pousar, quase sem levantar poeira lunar.

Durante a sua aproximação à Lua, a Chang E3 (batizada em honra a uma deusa que segundo lendas chinesas vive na Lua) ofereceu imagens muito nítidas da superfície lunar, ajudada pela ausência de atmosfera e por se encontrar na face iluminada do satélite.

Os encarregados do programa espacial chinês escolheram a Sinus Iridum devido à sua superfície plana, que facilitará o desenvolvimento das comunicações e que o robô espacial receba luz solar suficiente para as suas baterias, e também por se tratar de uma área da Lua ainda não explorada.

Poucos minutos após pousar na Lua, a Chang E3 posicionou painéis solares a fim de acumular a energia necessária para, em algumas horas, poder libertar na superfície o robô móvel Yutu.

Se esta segunda manobra tiver êxito, a China alcançará outro marco, já que o único país que até agora posicionou robôs móveis na Lua foi também a ex-União Soviética, e a última vez que conseguiu isso foi há 40 anos.

A China, que por outra parte alcança hoje o primeiro pouso extraterrestre da sua história, lançou a sua primeira sonda lunar, a Chang E1, em 2007, e a segunda, a Chang E2, em 2010.

O país asiático tenta a longo prazo levar astronautas ao satélite terrestre, e, embora ainda não haja uma data fixada para isso, espera-se que seja por volta de 2020, época na qual a China também espera ter uma base espacial permanente orbitando a Terra.

Antes, a China planeia o envio de uma quarta sonda lunar em 2015 e outra em 2017, esta com a missão de ser a primeira capaz de retornar à Terra, em claros preparativos para uma missão tripulada num futuro mais distante.

Os EUA são o único país que conseguiu enviar astronautas à Lua, a primeira vez em julho de 1969 (Apolo 11) e a mais recente em dezembro de 1972, com a 17ª e última missão do programa Apolo.

Nos anos 80, Washington e Moscovo abandonaram totalmente os voos lunares, e embora tenham sido retomados nos 90 (década na qual o Japão se uniu à corrida da exploração lunar), todas as sondas enviadas desde então não realizaram pousos suaves, mas impactaram contra a Lua.

"Frente à corrida espacial do século passado entre os EUA e a antiga União Soviética, o retorno à Lua atual baseia-se mais em curiosidade e ânimo de explorar o universo desconhecido", opinou hoje o engenheiro Sun Haixian, subdiretor do programa chinês de exploração lunar, citado pela agência oficial Xinhua.

O êxito conseguido hoje pela China, que com o seu programa espacial procura demonstrar que pode competir com tradicionais potências tecnológicas após décadas de subdesenvolvimento e isolamento internacional, acontece dez anos depois que o país asiático lançou ao espaço o seu primeiro astronauta, Yang Liwei.

Artigo publicado por Opera Mundi