Saúde: as promessas de campanha são para cumprir, diz Mariana Mortágua

05 de abril 2024 - 14:29

Na manifestação “Defender o SNS, cumprir Abril”, a coordenadora bloquista criticou o recuo do PSD nas promessas feitas às carreiras da Função Pública, lembrando que a desculpa das novas regras europeias não pega porque quando a direita elaborou o seu programa eleitoral já as conhecia.

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Decorreu esta sexta-feira, junto ao Ministério da Saúde, a manifestação “Defender o SNS, cumprir Abril” organizada pela Frente Comum de sindicatos afeta à CGTP. O coordenador da organização, Sebastião Santana antecipa que o plano de emergência anunciado para o setor “não são boas notícias”, avaliando a partir do programa eleitoral apresentado pela AD.

Assim, antevê-se “o esgotar dos recursos do SNS, os recursos financeiros que podiam e deviam estar restritos ao SNS, à sua melhoria, à contratação de pessoal técnico e de outros meios, e não antevemos que isso vá acontecer” explicou em declarações à Lusa.

Presente na ação esteve também Mariana Mortágua que vinca que “os problemas que havia no SNS, das várias carreiras da Administração Pública, no dia 9 de Março, mantêm-se hoje” e “sem nenhuma perspetiva da sua resolução”.

A coordenadora bloquista realça ainda que a ministra “defende a entrada do privado no SNS, defende a privatização do acesso ao SNS”, para além de uma “vaga promessa de cheques-consulta”. Sendo que “já há cheques-cirurgia que não resolvem nada”.

Assinala-se o recuo, “a poucos dias da tomada de posse do novo governo”, “nas promessas feitas às carreiras da Função Pública com o primeiro-ministro a passar a dizer que “aquilo que dissemos durante a campanha afinal tem que ser revisto” supostamente porque “as regras europeias mudaram” e” não podemos fazer aquilo que tínhamos prometido fazer”. Mariana Mortágua contrapõe que “quando o PSD elaborou as suas promessas de campanha, o seu programa eleitoral, já conhecia as regras europeias” que “eram exatamente as mesmas que agora vão entrar em vigor”. Por isso, “as promessas que foram então feitas, são para cumprir e uma parte dessas promessas, são promessas feitas aos profissionais do SNS, cujas carreiras têm que ser revistas, cujos salários têm que ser respeitados, cujas condições de trabalho têm que ser melhoradas”.

Questionada sobre a “competência” dos membros do novo governo, no dia a seguir a ter passado a ser conhecida a totalidade do elenco governativo, a responsável bloquista retorquiu que “a competência para cumprir o programa eleitoral do PSD é a garantia de um mau governo para o país” já que “o problema é precisamente o programa eleitoral”. Este “vai agravar as desigualdades, desigualdades fiscais, desigualdades sociais, sem oferecer nenhuma solução de fundo para o país, nenhuma solução de fundo para os serviços públicos”. A este propósito, lembrou ainda da crise de habitação “que se vai aprofundando”, no dia em que se sou que “Portugal continua em contra-ciclo a aumentar os preços da habitação enquanto em muitos países da Europa, esses preços estão a descer”. Face a isto, “tudo o que este governo é capaz de prometer é mais liberalização, mais negócio, mais especulação, menos perspetivas de futuro”. Para ela, este é “um governo que quer governar para as elites e quer entreter o país com questões simbólicas sem qualquer importância na vida das pessoas”.