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Rivoli encheu-se de gente para vencer a direita e "virar o Porto ao contrário"

Esta terça à noite, o teatro Rivoli foi pequeno para tanta gente que veio assistir a um espetáculo que juntou música, política e insubmissão em torno da candidatura do Bloco no Porto. José Soeiro acredita que no dia 29 "é possível vencer a direita no Porto e eleger um vereador para fazer convergências à esquerda" e Catarina Martins acusou Passos Coelho de "querer dividir Portugal em dois".
Teatro Rivoli cheio para o comício da candidatura "E se virássemos o Porto ao contrário?". Foto Ricardo Moreira

O teatro Rivoli encheu por completo no comício da candidatura bloquista "E se virássemos o Porto ao contrário?" esta terça à noite e muita gente teve de ficar à porta do teatro lotado. Pelo palco do Rivoli passaram candidatos à Câmara e à Assembleia e apoiantes que trouxeram a sua palavra e a música para exigirem uma cidade diferente, mais livre e democrática. Miguel Guedes, João Loio, Capicua, Ana Deus, Ana Luísa Amaral, José Castro, Regina Guimarães e muitos outros apelaram aos presentes para levarem consigo para as ruas do Porto a força desta iniciativa realizada num local simbólico da gestão de Rui Rio, quando em 2006 entregou a gestão do teatro a Filipe La Féria, provocando a indignação de boa parte da cidade e a ocupação do espaço durante alguns dias. 

José Soeiro desafiou as quase mil pessoas presentes a "mutiplicar as vozes que aqui desaguaram, vindas de tantas causas e combates" para "mostrar que no Porto é possível vencer a direita e eleger um vereador" para "trazer energia nova para a cidade". "Essa eleição no dia 29 será a garantia que num executivo em que ninguém terá maioria, as convergências terão de ser feitas à esquerda e não cederão perante os negócios, as chantagens e os interesses que têm governado a cidade". Soeiro apelou também a que ninguém fique em casa no dia da eleição: "Os que estão descrentes, que tomem a palavra; os que nunca votaram, que tomem a palavra; os que estão cansados, que tomem a palavra nesta eleição" decisiva para uma mudança de rumo político na cidade.

O candidato falou ainda das lutas dos últimos 12 anos contra as medidas tomadas por Rui Rio e da sua lista que integra muitos dos ativistas que as protagonizaram, a começar pela do próprio Rivoli, após a entrega a La Féria. E em seguida elencou as prioridades da campanha "E se virássemos o Porto ao contrário?", que passam pelas propostas de um plano de reabilitação urbana, garantir casas para alugar a preços decentes, medidas que respondam à emergência social e a devolução de equipamentos públicos à cidade, como o Rivoli, o mercado do Bolhão ou o Palácio de Cristal.

Catarina Martins: "A campanha de Passos é para dividir Portugal em dois"

Na sua intervenção, Catarina Martins disse estar emocionada com a presença de tanta gente numa sala cheia, antes de comparar por várias vezes a política do governo com a do mandato de Rui Rio, caracterizado pela perseguição aos mais pobres e o favorecimento dos lóbis da elite da cidade. Em seguida, apontou baterias a Passos Coelho por ter passado as últimas semanas a tentar "dividir Portugal em dois" numa "política de terra queimada", tentando atirar trabalhadores do sector privado contra os do público, empregados contra desempregados, trabalhadores no activo contra reformados, contribuintes contra beneficiários de apoios sociais".

"Não há dois países. Há um único Portugal. Um país de gente que trabalha, mas onde quem trabalha contribui para garantir os cuidados mínimos na velhice, na saúde ou na educação para todos e todas", garantiu a coordenadora bloquista, concluindo que "é quem trabalha que aguenta este país".

Catarina Martins criticou ainda os cortes anunciados nas pensões a partir de 600 euros e nas pensões de sobrevivência a partir de 419 euros e em particular a forma como o Governo veio dizer que "os cortes não são permanentes e até, quem sabe, irá subir as pensões". "Dizem-nos que as pensões podem subir no momento em que o défice do país for zero e que o crescimento da economia for 3%. Eu não sei se sabem quantas vezes é que isso aconteceu nos últimos 40 anos. Não foram muitas. Não foram 10, não foram 5. Na verdade, não foi nenhuma”, prosseguiu a coordenadora do Bloco.

"Pedro Passos Coelho diz aos pensionistas a quem corta a pensão permanentemente, a quem contribuiu para construir o país, o que lhes diz é que corta a pensão e que voltará a devolver no ano em que fizerem 35 graus no Natal e nevar em agosto”, ironizou Catarina Martins. Para além de considerar estas palavras do primeiro-ministro "um insulto", a coordenadora bloquista pediu a Passos Coelho que "não se faça de sonso" por ter dito na semana passada que “ninguém leva a sério promessas que se sabe não ser possível realizar”.

“Nós lembramo-nos de Pedro Passos Coelho a correr todo o país numa campanha eleitoral, a prometer que não ia cortar o subsídio de Natal, a prometer que não ia cortar nas pensões, a prometer que não ia despedir funcionários públicos e por isso dizemos: 'Senhor primeiro-ministro, de 2011 ou de 2013, não se faça de sonso'. Nós sabemos o que disse no verão passado. Foi o contrário de tudo o que fez. Como pode agora vir Pedro Passos Coelho falar de eleitoralismo?”, perguntou a coordenadora bloquista.

Uma noite Rivolivre

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