"Prova não, respeito sim" e "queremos prova de avaliação para o ministro da Educação" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos professores, alguns dos quais exibiram e queimaram o seu diploma e notas de 20 euros, o valor a pagar para a realização da Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos.
"Não temos medo da prova" e "a prova é todos os dias na sala de aula" são algumas das frases que se podem ler nos cartazes.
"Este Governo põe, pura e simplesmente, todos os contratados a realizar essa prova e isso leva-nos a considerar que o único objetivo é conseguir dinheiro com os 20 euros por prova (valor da inscrição por docente) e tentar eliminar do sistema bastante professores", afirmou, em declarações à Lusa, Sónia Santos Dias, uma das promotoras do protesto..
Já a docente Sofia Barcelos apelou à união de todos os professores portugueses, alertando que ainda que a prova imposta pelo ministério de Nuno Crato tenha surgido, "numa primeira fase, para abater os professores contratados", o objetivo principal da medida é atingir os professores que estão no quadro.
Foram também promovidos protestos em Coimbra, na praça da República, e em Braga, na Avenida Central.
Sindicatos marcam greve para 18 de dezembro
Numa nota à comunicação social, citada pela agência Lusa, a FNE justifica a greve com a insistência do Ministério da Educação e Ciência (MEC) em “impor uma prova de conhecimentos e capacidades a todos os candidatos dos próximos concursos de docentes, independentemente do tempo de serviço que já tenham realizado no sistema educativo”.
Também a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) já tinha anunciado que vai avançar com a paralisação caso as providências cautelares contra a implementação da prova de acesso à profissão de professor entregues nos Tribunais Administrativos e Fiscais de Lisboa, Porto, Beja, Funchal e Ponta Delgada e Coimbra não sejam decretadas.
A prova “não contribuiu para melhorar o sistema educativo”
Esta prova “não contribuiu para melhorar o sistema educativo” e constitui “uma efetiva demonstração de falta de confiança em milhares de professores que há anos têm garantido o funcionamento do sistema educativo”, avança a FNE.
A estrutura sindical refere que, ao se estabelecer taxas para inscrições nas provas, o MEC “volta a dar sinal inequívoco de desconsideração por muitas pessoas que vivem hoje situações de desemprego e economicamente muito difíceis”.
Ao marcar a prova para o dia 18 de dezembro, o MEC cria ainda, segundo a FNE, “novas dificuldades na disponibilidade das pessoas para realizarem a prova, não só para os docentes contratados que estarão em período de avaliações, mas também para alguns candidatos que entretanto estejam a trabalhar noutras áreas e em que dificilmente lhes será concedida dispensa para a prestação desta prova”.
Governo quer "comprar professores do quadro para classificarem provas dos seus colegas sem vínculo”
Em comunicado, a Fenprof acusa o Ministério da Educação e da Ciência de querer "comprar professores do quadro para classificarem provas dos seus colegas sem vínculo” e apela aos mesmos para que “recusem o papel que o MEC lhes pretende atribuir: o de serem pagos, com dinheiro extorquido aos seus colegas desempregados e precários, para que contribuam numa farsa destinada, por um lado, a denegrir a imagem dos profissionais docentes e, ao mesmo tempo, a afastar muitos deles da profissão”.