Professores queimam diplomas em protesto contra prova de avaliação

17 de novembro 2013 - 10:09

Cerca de 500 professores contratados manifestaram-se este sábado em frente à Assembleia da República, em Lisboa, contra a realização da prova de avaliação imposta pelo governo para o acesso à carreira. Durante o protesto, os docentes queimaram cópias dos diplomas e de notas de 20 euros. Registaram-se também manifestações em Braga, Coimbra, Santarém e Évora.

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Foto de Mário Cruz, Lusa.

"Prova não, respeito sim" e "queremos prova de avaliação para o ministro da Educação" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos professores, alguns dos quais exibiram e queimaram o seu diploma e notas de 20 euros, o valor a pagar para a realização da Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos.

"Não temos medo da prova" e "a prova é todos os dias na sala de aula" são algumas das frases que se podem ler nos cartazes.

"Este Governo põe, pura e simplesmente, todos os contratados a realizar  essa prova e isso leva-nos a considerar que o único objetivo é conseguir  dinheiro com os 20 euros por prova  (valor da inscrição por docente) e tentar  eliminar do sistema bastante professores", afirmou, em declarações à Lusa,  Sónia Santos Dias, uma das promotoras do protesto.. 

Já a docente Sofia Barcelos apelou à união de todos os professores portugueses, alertando que ainda que a prova imposta pelo ministério de Nuno Crato tenha surgido,  "numa primeira fase, para abater os professores contratados", o objetivo principal da medida é atingir os professores  que estão no quadro.  

Foram também promovidos protestos em Coimbra, na praça da República, e em Braga, na Avenida Central.

Sindicatos marcam greve para 18 de dezembro

Numa nota à comunicação social, citada pela agência Lusa, a FNE justifica a greve com a insistência do Ministério da Educação e Ciência (MEC) em “impor uma prova de conhecimentos e capacidades a todos os candidatos dos próximos concursos de docentes, independentemente do tempo de serviço que já tenham realizado no sistema educativo”.

Também a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) já tinha anunciado que vai avançar com a paralisação caso as providências cautelares contra a implementação da prova de acesso à profissão de professor entregues nos Tribunais Administrativos e Fiscais de Lisboa, Porto, Beja, Funchal e Ponta Delgada e Coimbra não sejam decretadas.

A prova “não contribuiu para melhorar o sistema educativo”

Esta prova “não contribuiu para melhorar o sistema educativo” e constitui “uma efetiva demonstração de falta de confiança em milhares de professores que há anos têm garantido o funcionamento do sistema educativo”, avança a FNE.

A estrutura sindical refere que, ao se estabelecer taxas para inscrições nas provas, o MEC “volta a dar sinal inequívoco de desconsideração por muitas pessoas que vivem hoje situações de desemprego e economicamente muito difíceis”.

Ao marcar a prova para o dia 18 de dezembro, o MEC cria ainda, segundo a FNE, “novas dificuldades na disponibilidade das pessoas para realizarem a prova, não só para os docentes contratados que estarão em período de avaliações, mas também para alguns candidatos que entretanto estejam a trabalhar noutras áreas e em que dificilmente lhes será concedida dispensa para a prestação desta prova”.

Governo quer "comprar professores do quadro para classificarem provas dos seus colegas sem vínculo”

Em comunicado, a Fenprof acusa o Ministério da Educação e da Ciência de querer "comprar professores do quadro para classificarem provas dos seus colegas sem vínculo” e apela aos mesmos para que “recusem o papel que o MEC lhes pretende atribuir: o de serem pagos, com dinheiro extorquido aos seus colegas desempregados e precários, para que contribuam numa farsa destinada, por um lado, a denegrir a imagem dos profissionais docentes e, ao mesmo tempo, a afastar muitos deles da profissão”.