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Procura das urgências volta a aumentar

Os números registados aproximam-se aos anteriores à pandemia, menos na região de Lisboa. Para evitar que casos não urgentes continuem a entupir as urgências hospitalares, o deputado Moisés Ferreira quer mais incentivos à recuperação da atividade nos Cuidados de Saúde Primários.
Procura da urgências volta a aumentar
Foto de Paulete Matos

Segundo o jornal Público, o serviço de urgência do hospital de São João, no Porto, está a receber mais de 400 doentes por dia, números próximos à média diária antes da pandemia da covid-19. Nelson Pereira, coordenador deste serviço, afirma que “é isto todos os dias. São dezenas e dezenas de doentes com queixas” não urgentes, mas “não podemos deixar de os receber”. Os utentes com pulseiras verdes, azuis e brancas (não prioritários) está a aumentar cada vez mais.

Nelson considera necessário o investimento nos cuidados primários e na linha Saúde 24 e frisa que “de todas as áreas do SNS, os serviços de urgência são os que mais vão sofrer a pressão porque não será possível distinguir sintomas. Mesmo que haja menos casos de gripe graças ao uso de máscaras e ao distanciamento físico, se tiverem sintomas ligeiros, como febre, as pessoas não vão poder ficar em casa. Não vai ser legítimo fazer de conta que não se passa nada”.

Cristina Marujo, diretora do serviço de urgência do hospital de São João, no Porto, diz que a sobrecarga vai acontecer no outono e inverno devido a necessidade de responder à covid-19 e à gripe sazonal, já que os sintomas são semelhantes.

Um dos problemas identificados no hospital de São João é falta de incapacidade de alguns centros de saúde darem resposta aos utentes, mas este não será o único motivo para o aumento da procura dos serviços de urgência.

Só a região de Lisboa e Vale do Tejo é que não está com este crescimento, devido a situação pandémica em que se encontra que leva as pessoas a terem medo de recorrer a este serviço.

Em julho, segundo dados do portal da transparência do SNS, o fluxo de utentes ainda estava longe da média de anos anteriores, eram um total de 382.499 pessoas, mais 57% que no mês de abril, onde se registou um número mínimo histórico. Mas Agosto, já esteve com números semelhantes a antes da pandemia, nomeadamente no norte.

O presidente do conselho de administração da ULS de Matosinhos, Taveira Gomes, acredita que o problema não está na falta de cuidados primários, mas sim é “efeito da suspensão da atividade programada em muitos casos e do facto do doente sentir que o seu problema não ficou resolvido no centro de saúde”

"Incentivos à recuperação de atividade devem ser estendidos também aos cuidados de saúde primários"

O deputado bloquista Moisés Ferreira, em declarações ao Esquerda Net, refere que “é evidente que a covid-19 colocou maior pressão sobre o SNS que terá que continuar a responder à pandemia sem esquecer todas as outras questões de saúde.” Por isso, “a atividade suspensa tem de ser recuperada, a atividade programada tem de ser retomada e o SNS tem de se preparar já para responder também à gripe”.

Para o deputado, “as medidas e incentivos à recuperação de atividade devem ser estendidas também aos cuidados de saúde primários e às juntas médicas para garantir que estas respostas continuam a funcionar e que os utentes não são obrigados a procurar serviços de urgência por questões não urgentes”. E acrescenta que “é essencial o reforço, forte, de profissionais para o SNS e para a Linha Saúde 24. O Bloco tem insistido na concretização da contração de 8.400 profissionais já em 2020 com vínculos permanentes e não apenas temporários. Isso tem de ser feito já”.

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