Preços dos bens essenciais subiram três vezes mais do que os salários em Portugal

07 de abril 2022 - 11:17

O cabaz de bens essenciais registou um aumento de mais de 5% desde o início da guerra na Ucrânia. Apesar da escalada da inflação, a generalidade dos salários não está a acompanhar este ritmo.

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Foto de Paulete Matos.

O cabaz de bens essenciais registou um aumento de mais de 5% desde o início da guerra na Ucrânia. De acordo com as contas da DECO – Associação de Defesa do Consumidor, noticiadas esta semana pelo Jornal de Notícias, um cabaz de compras mensal ficou 10 euros mais caro neste período.

Apesar da escalada da inflação, a generalidade dos salários não está a acompanhar este ritmo. Segundo os dados da Segurança Social, o salário médio nacional registou um aumento de apenas 1,7% em janeiro (em termos homólogos, isto é, face ao mesmo mês do ano anterior). A remuneração média no país é de 1.303 euros mensais e o salário mínimo é de 705 euros.

Os principais contributos para o aumento do nível geral de preços na economia têm sido o setor da energia (tanto nos combustíveis como na eletricidade) e os bens alimentares. Ambos os setores foram afetados pela invasão russa da Ucrânia, uma vez que a Rússia é um dos principais fornecedores de combustíveis fósseis dos países europeus e que tanto a Rússia como a Ucrânia são grandes exportadores mundiais de cereais.

Entre os produtos cujos preços mais subiram ao longo da última semana, destacam-se o óleo alimentar 100% vegetal (59%), os cereais de pequeno-almoço (12%), a batata (8%), o robalo (8%), o peru (7%) e a cenoura (6%).

Bloco apresentou medidas de emergência para conter o aumento dos preços

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apresentou esta quarta-feira um conjunto de medidas de emergência para dar resposta ao aumento do custo de vida.

O Bloco propõe que, sem prejuízo dos aumentos ou progressões na carreira estabelecidos nos contratos de trabalho, individuais ou coletivos, deve ser estabelecido por lei que todos os salários devem ter um aumento mínimo no valor da inflação. Este aumento deve acontecer, de forma extraordinária, já no final do primeiro semestre de 2022. Catarina Martins referiu também que “o salário mínimo nacional deve ser atualizado imediatamente para os 800€ e as pensões devem também ter uma atualização intercalar que responda à inflação”.

Além disso, o Bloco defende o congelamento das rendas da habitação bem como que o controlo de preços seja acompanhado de medidas fiscais, como a descida do IVA da eletricidade para a taxa mínima, o fim do adicional do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) e a tributação dos lucros extraordinários do setor energético.

“Uma economia em que os lucros sobem mas os salários encolhem, com o salário médio colado ao salário mínimo, e um ciclo de aumento de preços que empobrece a generalidade da população, é o maior perigo que temos que evitar”, afirmou a coordenadora bloquista, acrescentando que “a combinação das medidas de controlo de preços e atualização salarial é a forma de proteger o país e quem vive do seu trabalho”.