Os testes do PISA (Programme for International Student Assessment) de 2022, que foram realizados, em março de 2022, por 690 mil estudantes de 81 países e regiões do mundo, revelaram quedas “sem precedentes” nas médias gerais a Matemática e Leitura.
O estudo promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre o desempenho dos alunos de 15 anos refere que a média obtida a Matemática em Portugal “está ao nível do que seria de esperar de alunos com 14 anos em 2018”. Ou seja, é como se estes alunos tivessem perdido um ano de ensino. O mesmo acontece na Dinamarca, França, Grécia e Suécia. A média dos alunos portugueses a Matemática ficou-se por 472 pontos, o que representa uma queda de 20 pontos face a 2018. Ainda assim, estes resultados “foram semelhantes aos alcançados pela média dos países da OCDE, não se diferenciando significativamente de Estados como a Alemanha (475 pontos), a França (474 pontos), a Espanha (473 pontos), a Noruega (468 pontos) e os Estados Unidos da América (465 pontos)”, entre outros.
Isto porque os resultados gerais desceram abruptamente, à exceção da área de Ciências.
No que respeita à Leitura, Portugal registou uma média de 477 pontos, menos 15 pontos face a 2018. Este é o pior resultado desde a edição de 2006 do PISA. A média da OCDE em 2022 foi de 476, menos 10 pontos comparativamente a 2018.
Ainda que “o efeito de choque da covid-19 na maioria dos países” seja apontado como uma das razões para os maus resultados, é assinalado que, em muitos países, as quedas já se faziam sentir muito antes da crise pandémica.
Por isso mesmo, a OCDE refere que existem “problemas antigos nos sistemas educativos que são também responsáveis pela queda de desempenho” registada em 2022. Ou seja, “existem fatores de longo prazo, paralelamente aos aspetos relacionados com a pandemia” que estão na base destes resultados.
O jornal Público lembra que a descida nas médias obtidas no PISA foi uma das principais razões que levaram a Suécia, ainda antes da pandemia, a refrear a reforma da educação iniciada nos anos 1990, que apostou no modelo de contratos de associação com escolas privadas. “Na prática, este incremento da ‘liberdade de escolha’ desencadeou uma concorrência entre escolas públicas e escolas ‘independentes’, que se traduziu num nivelamento por baixo da educação, ao contrário do que as autoridades suecas esperavam que acontecesses”, escreve o jornal diário.
O PISA 2022 revela ainda que o apoio extra dos professores “se deteriorou na última década, pelo menos na perceção dos estudantes” e que os resultados a Matemática se agravaram nos sistemas de ensino onde se registou um aumento dos professores com “qualificações inadequadas”.
Acresce que, de acordo com o estudo da OCDE, em 32 países e economias, os resultados a Matemática são inferiores nas escolas com falta de professores, sendo que Portugal figura em quarto lugar na lista dos países em que este problema é maior.
É ainda de assinalar que o estatuto socioeconómico dos alunos “continua a exercer uma influência determinante nos resultados médios dos alunos, designadamente no PISA”. No que respeita a Portugal, foi responsável por 18,5% da variação no desempenho a Matemática. Os alunos com estatuto socioeconómico mais elevado obtiveram resultados superiores em 101 pontos face aos alunos mais desfavorecidos. Nos países da OCDE, a diferença foi, em média, de 93 pontos.