É uma volta à França em bicicleta em nome do ambiente. Largas centenas de ciclistas e cerca de vinte tratores partiram esta sexta-feira de Deux-Sèvres. Estão a percorrer 300 quilómetros, atravessando cinco departamentos do país, até chegar na próxima sexta-feira à Agência da Água de Loire Bretagne que financia as chamadas mega-bacias. Para o próximo fim de semana, está ainda prevista uma concentração em Paris.
A ação acontece cinco meses depois da grande manifestação em Sainte-Soline e da violenta repressão a que foi sujeita. É organizada pela Confédération Paysanne, pelo coletivo Bassines non merci! e apoiada por dezenas de outras organizações entre as quais o Soulèvements de la terre, cuja dissolução, decretada pelo governo, foi anulada pelo Conselho de Estado.
Trata-se de uma forma de protestar contra as mega-bacias, grandes obra de retenção que se vão apropriar água do subsolo para 450 projetos agrícolas que consideram pouco sustentáveis e uma privatização de um bem comum em benefício da agro-indústria. Os ambientalistas pedem uma suspensão das obras das mega-bacias e estudos científicos transparentes que avaliem o seu impacto ambiental.
À Franceinfo, Laurence Marandola, porta-voz do sindicato Confédération paysanne, explica o simbolismo do ponto de partida e de chegada. Saiu-se de perto de Sainte-Soline (a prefeitura local impediu que se saísse exatamente da localidade) para “prestar homenagem aos feridos e mutilados pelas granadas da polícia” na manifestação que aí ocorreu. E chegar-se-á a uma Agência da Água porque estas “financiam as mega-bacias com 70% de dinheiro público!”
O “Coletivo Bacias, não obrigado!” explica que no percurso, “em plena canícula” se pretende atravessar “uma planície já gravemente desertificada pela agro-indústria e cujos recursos de água estão ameaçados por 30 projetos de bacias”.