Entrevista

“O Bloco fará parte da mudança que a Madeira precisa”

19 de março 2025 - 12:39

Na reta final da campanha eleitoral, Roberto Almada defende que o Parlamento Regional tem de voltar a debater soluções para a crise da habitação e da saúde, o aumento dos salários e dos direitos de quem trabalha. Temas ausentes na passada legislatura e que só a presença parlamentar do Bloco garante que entrem na agenda política, defende o candidato.

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Roberto Almada
Roberto Almada em campanha. Foto Homem de Gouveia/Lusa

A Região Autónoma da Madeira vai a votos este domingo para eleger deputados para a Assembleia Legislativa Regional.  Nas eleições do ano passado, o Bloco de Esquerda não conseguiu a eleição e a esquerda à esquerda do PS ficou sem representação parlamentar. O efeito fez-se sentir na agenda dos trabalhos de um Parlamento que “ficou refém dos jogos partidários que nada dizem às pessoas e à sua vida”, afirma Roberto Almada nesta entrevista ao Esquerda.net.


Nas eleições do ano passado, o Bloco ficou a poucos votos de voltar a eleger para o Parlamento Regional. Em que é que essa ausência se notou na vida parlamentar?

O Parlamento Regional ficou refém dos jogos partidários que nada dizem às pessoas e à sua vida. Sem o Bloco no Parlamento Regional, não se discutiu o mundo do trabalho nem se defenderam os direitos laborais. Sem o Bloco no Parlamento, não foram apresentadas verdadeiras soluções para a grave crise da habitação. Sem o Bloco no Parlamento, a debilidade dos cuidados de saúde não foi denunciada. Sem o Bloco no Parlamento, faltou a defesa de direitos para todos e muitos imigrantes continuaram a ser brutalmente explorados. Sem o Bloco no Parlamento, faltou a voz que exige serviços públicos que respondam aos problemas das pessoas.

Por isso temos ouvido na rua a mensagem essencial: o Bloco faz falta! E estamos confiantes de ter a força para regressar ao Parlamento Regional nas eleições do próximo domingo.

Com o Bloco no Parlamento Regional, teremos uma voz forte na defesa dos direitos de quem trabalha e no aumento dos salários. Com o Bloco no Parlamento Regional, teremos propostas para responder à crise da habitação, exigindo investimento público para nova habitação, mas também que sejam fixados tetos máximos para as rendas e que 25% da nova habitação seja obrigatoriamente a preços controlados que as pessoas possam pagar. Teremos a força para denunciar a falta de qualidade dos serviços públicos e exigir cuidados de saúde a tempo e horas. Seremos intransigentes no combate ao preconceito e à homofobia. Seremos incansáveis na defesa dos direitos dos imigrantes para impedir a exploração. Valorizaremos as políticas públicas para responder às adições e à toxicodependência.

Os casos na justiça voltam a empurrar a Região para eleições e as sondagens dão o favoritismo ao partido que vem somando inquéritos por corrupção. Se não houver maioria absoluta, o que devem fazer os restantes partidos?

É essencial mudar o regime, que está caduco e a cair de podre. Mas isso só se faz mudando as políticas que sustentam os interesses que servem de pilares ao regime. Esse será o desafio que a criação de uma verdadeira alternativa na Madeira tem de assegurar. Da parte do Bloco de Esquerda, temos a certeza de fazer parte da mudança que a Madeira precisa e a coragem para fazer esse caminho. Sabemos que as eleições serão fundamentais para mostrar que as e os madeirenses querem mudar e estamos certos que assim será.

Temos abertura ao diálogo com que queira ser verdadeira alternativa, seremos a mais firme oposição a quem queira o poder para fazer igual ou pior ao que tem feito o PSD há tantas décadas.

A Madeira é das regiões que mais viu subir o preço das casas. O que é que o Bloco vai propor para contrariar essa tendência?

O debate político sobre a crise da habitação na Madeira é a demonstração da urgência que é a eleição do Bloco para o Parlamento Regional. Não há nenhuma voz que tenha verdadeiras soluções para enfrentar a especulação, a não ser o Bloco. O Bloco é o único partido que propõe investimento público para a construção de habitação, mas o faz no conjunto de medidas para enfrentar a especulação e defender os direitos das pessoas. É necessário colocar tetos nas rendas que são exorbitantes e só o Bloco tem coragem para o fazer. É necessário obrigar a que 25% da nova construção privada seja colocada no mercado a preços acessíveis que as pessoas possam pagar e só o Bloco tem coragem para o fazer.

A Comissão Nacional de Eleições voltou a acusar o Governo Regional de violar o dever de imparcialidade por na prática fazer campanha pelo PSD nas suas redes sociais. Esse aproveitamento de meios públicos voltou a acontecer durante o período oficial de campanha?

O PSD junta-se o dono da Madeira e é assim que usa o Governo Regional. Ainda no período da campanha assistimos a esses abusos. Repetem a utilização dos meios públicos para fazer inaugurações que são ações de campanha camufladas. Precisamos de mudar esta realidade urgentemente.

Se o Bloco regressar ao parlamento regional no domingo, quais serão as três prioridades para o início do mandato?

O Bloco tem um mandato claro: habitação, saúde e salários. São estas as primeiras prioridades que apresentaremos no nosso regresso ao Parlamento Regional. São estas as respostas às crises que afetam as e os madeirenses.

Queremos acabar com a especulação e isso só acontecerá com tetos às rendas e a obrigação de 25% da nova habitação ser colocada no mercado a preços a que as pessoas possam pagar. Queremos melhores cuidados de saúde e isso só é possível com mais investimento no serviço de saúde regional e no combate ao parasitismo dos privados. Queremos melhores rendimentos para quem trabalha e isso só é possível com a valorização dos salários e o combate à precariedade.