A mais recente denúncia foi publicada esta quarta-feira no Hollywood Reporter, numa crónica de Anna Graham Hunter. A escritora revela a experiência traumatizante que teve aos 17 anos, quando foi estagiária durante a rodagem do filme Death of a Salesman e contactou de perto com o ator Dustin Hoffman. E recorre às folhas de um diário que fez na altura para recordar as cenas de assédio e linguagem obscena por parte de Hoffman. O ator emitiu um comunicado em que apresenta as suas desculpas, afirmando ter “o maior respeito pelas mulheres”.
Antes de Hoffman, foi Kevin Spacey a concentrar as atenções da imprensa, a partir da denúncia do ator Anthony Rapp, que revelou ter sido assediado na adolescência por Spacey no final de uma festa no apartamento deste. A resposta de Spacey às acusações de assédio levantou ainda maior polémica, por o ator aproveitar a ocasião em que era denunciado como predador sexual para anunciar ao mundo a sua homossexualidade. A produção da sexta temporada da série premiada “House of Cards”, em que Spacey é o protagonista, foi suspensa. E a organização dos prémios Emmy decidiram retirar o prémio de homenagem que estava destinado a Kevin Spacey na próxima cerimónia.
A partir do testemunho de Rapp, surgiram acusações semelhantes por parte de outros atores que encontraram Kevin Spacey na fase inicial das suas carreiras, seja em Los Angeles, como o ator Tony Montana, ou em Londres, onde Spacey foi diretor artístico do teatro Old Vic entre 2004 e 2015. “Parece que o único requisito era ser um homem com menos de 30 anos para Spacey se sentir à vontade para nos apalpar”, afirmou o ator mexicano Roberto Cavazos, citado pela BBC.
Também esta quarta-feira, o Los Angeles Times divulgou relatos de assédio sexual e conduta imprópria contra o realizador e produtor Brent Ratner (“X-Men - The Last Stand”, “Rush Hour”) por parte de seis mulheres, entre as quais as atrizes Olivia Munn e Natasha Henstridge.
O mesmo jornal tinha publicado há poucas semanas uma investigação com o testemunho de 38 mulheres a acusarem o argumentista e realizador James Toback de assédio. Em poucos dias, o número de denúncias alcançou as duas centenas de mulheres com histórias semelhantes de encontros que envolviam promessas de papéis em filmes, seguidas de assédio sexual, ocorridas ao longo dos últimos 40 anos.
A sucessão de relatos de assédio sexual no mundo do cinema desencadeou-se após as denúncias de várias atrizes contra o produtor Harvey Weinstein, uma das figuras mais poderosas de Hollywood, acusado de assédio ou violação por mais de 50 mulheres.
