Nestlé vende alimentos com açúcar para bebés dos países pobres

17 de abril 2024 - 20:23

Investigação concluiu que a Nestlé não cumpre as diretivas da OMS relativas à presença de açúcar nos alimentos para bebés: na Europa não têm açúcar; nos países mais pobres são vendidos com açúcar.

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Fotografia: Public Eye

“Como a Nestlé vicia as crianças em açúcar nos países de baixo rendimento” é o título da investigação levada a cabo pela Public Eye e pela International Baby Food Action Network, agora publicado.

“Na Suíça, onde a empresa está sediada, as principais marcas de cereais infantis e leites em pó vendidas pela gigante alimentar não contém açúcar adicionado, já a maioria dos produtos Cerelac e Nido comercializados em países de rendimentos mais baixos contém açúcar, muitas vezes em níveis elevados” refere este estudo.

“Na Suíça, a Nestlé promove os seus cereais com ‘sabor biscoito’ para bebés de seis meses com as palavras ‘sem adição de açúcar’; enquanto no Senegal ou na África do Sul, cereais Cerelac do mesmo sabor contêm 6 gramas de açúcar adicionado por porção”.

Este estudo verificou também que na Alemanha, França e Reino Unido (os principais mercados da Nestlé na Europa) todos os leites de crescimento para crianças de um a três anos não têm açúcar adicionado, o mesmo acontecendo com as papas para bebés mais pequenos. No entanto, as mesmas marcas de papa quando são vendidas na Etiópia têm 5 gramas de açúcar por porção e as vendidas ma Tailândia têm 6 gramas. 

Perante o exposto, os autores do estudo acusam a Neste de “hipocrisia e o marketing enganoso”.

As diretivas da Organização Mundial da Saúde recomendam que os produtos destinados a alimentação de bebés não contenham açúcar adicionado, sejam eles leite, papa ou outros alimentos de diversificação alimentar. A OMS preconiza também a amamentação em exclusivo até seis meses de idade, recomendando a sua manutenção pelo menos até aos dois anos de idade. 

A indústria do aleitamento artificial de bebés movimenta milhões de euros anualmente, e continua a crescer. Em 2024 preveem-se lucros de mais de 53 mil milhões de dólares, sendo esperado que o mercado cresça 5.51%.