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Nepal: renuncia o primeiro-ministro

Demissão era a principal revindicação da greve geral que paralisou o país em Maio. Por Tomi Mori, de Tóquio para o Esquerda.net
Madhav Kumar Nepal. Foto wikimedia commons

O primeiro-ministro nepalês, Madhav Kumar Nepal, renunciou ao cargo nesta quarta-feira. A queda é resultado directo e distorcido da greve geral que paralisou o pais durante os primeiros dias de Maio. A principal revindicação da greve geral era justamente a renúncia do chefe do governo. Desde o final da greve, os principais partidos nepaleses estavam envolvidos numa interminável negociação política cujo desfecho foi esta renúncia.

Durante praticamente dois meses, o Nepal foi um país sem governo, dirigido pelo vácuo politico, pela crise. Já nesta mesma quarta-feira começa uma nova crise, pois o país continua sem governo, prosseguindo o vácuo, com novos actores a entrar em cena. Espera-se que seja formado um novo governo de unidade nacional, que na verdade será uma frente popular encabeçada pelo Partido Comunista do Nepal Unificado, maoísta. Mas também isso provavelmente vai provocar uma discussão interminável, como foi a renúncia de Nepal. Se houver algum autor interessado em escrever um livro sobre “politicagem”, terá um vasto e curioso material que será fornecido nos próximos dias, com a colaboração de todas as correntes politicas nepalesas.

A razão principal de o país viver esta situação inusitada pode ser resumida numa palavra: revolução! Na verdade, a questão que permeia todas as discussões da politica local está ligada às raízes profundas da revolução nepalesa, que derrubou a monarquia e instituiu um precário regime democrático. regime esse que parece insustentável, já que as massas nepalesas, que protagonizaram a poderosa greve geral revolucionaria em Maio, têm motivos de sobra para ver as suas aspirações materializadas hoje e não num futuro distante. Mas estas aspirações chocam-se directamente com a realidade do atraso nepalês num mundo globalizado. Um atraso que impede que necessidades elementares, como a alimentação, sejam inviáveis para milhões de nepaleses. Neste momento, devido aos problemas da colheita deste ano, um grande número de pessoas estão literalmente a passar fome no interior do país.

Todas as correntes politicas do Nepal têm uma coisa bastante clara. Caso nada mude, outra vez as massas nepalesas voltarão as ruas. E é exactamente a força das massas nepalesas que provoca a crise em todas as correntes políticas.

 

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