Moedas acusado de arrancar cartazes da manifestação Casa para Viver

19 de janeiro 2024 - 13:51

Plataforma acusa o presidente da Câmara Municipal de Lisboa de tentar, desta forma, impedir qualquer contestação. No dia 27 de janeiro, às 15h, manifestação volta a sair à rua, em várias cidades do país, "incluindo a de Carlos Moedas", pelo direito a uma Casa Para Viver.

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Imagem da Plataforma Casa para Viver

Numa publicação nas suas redes sociais, a plataforma Casa para Viver assinala que, nos 50 anos do 25 de Abril, “é particularmente simbólico que o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, mande retirar cartazes de manifestações, sobretudo as que dizem respeito à habitação, mais especificamente as organizadas pela plataforma Casa para Viver”.

Os coletivos que convocam a manifestação do próximo dia 27 de janeiro destacam que, “com a crise da habitação a atingir números históricos, é mais do que natural que a população se una (e se organize) para pedir respostas aos seus representantes”.

Por outro lado, continuam, “o que não é natural, mas que tem vindo a revelar-se o modus operandi de Moedas, é fechar e tentar impedir o diálogo da população”.

Segundo a plataforma Casa para Viver, esta atitude por parte de Moedas não inédita, o mesmo aconteceu “em todas as três manifestações Casa para Viver”, dos dias 1 de abril e 30 de setembro de 2023 e, por realizar, a de 27 de janeiro de 2024.

Os ativistas deixam exemplos concretos: “cartazes retirados ou rasgados, portas de associações vandalizadas (uma ação de limpeza chegou mesmo a inundar o interior da associação Sirigaita, nos Anjos)” que, defendem, “foram (e são) várias tentativas de reprimir a comunicação de uma plataforma que junta dezenas de coletivos — e, por sua vez, centenas de vozes”.

Acresce que o procedimento “não só ganha especial gravidade no ano em que se comemora o fim — achávamos nós — da poeirenta censura, como, não é permitido fazê-lo”, acrescenta a plataforma. Os coletivos esclarecem que, segundo a Comissão Nacional de Eleições, as autarquias “não têm competência para regulamentar o exercício da liberdade de propaganda” e a retirada de cartazes do espaço público tem de ser decretada por ordem do tribunal.

A plataforma Casa para Viver acusa Carlos Moedas de “fechar os olhos ao que se passa na (sua) cidade”, com “cada vez mais pessoas a viver em condições precárias, acampamentos em várias zonas da cidade, despejos sem solução na ordem do dia, e o valor das rendas a atingir níveis históricos de tão elevados, sem qualquer travão à vista”.

Em declarações ao Diário de Notícias (DN), Rita Silva, que integra a organização da manifestação de dia 27, revelou que os cartazes “estão a ser arrancados de forma sistemática”. A ativista assegura que existem testemunhas de que o material que tinham colado em Arroios e na Avenida Almirante Reis foi retirado por funcionários da Meristema, uma empresa que, de acordo com o portal Base da Contratação Pública, tem um contrato com a Câmara para a “remoção de tags e graffiti na cidade de Lisboa”.

Contactada pelo DN, fonte oficial do gabinete do presidente da Câmara de Lisboa garante que “essas acusações são totalmente falsas”.