O antigo futebolista e presidente da UEFA foi detido esta terça-feira para ser ouvido num inquérito aberto em 2016 às suspeitas de corrupção por parte dos dirigentes do emirato do Qatar para obterem a organização do Mundial de Futebol de 2022.
De acordo com o jornal Le Monde, os investigadores centram agora a sua atenção num pequeno almoço realizado em novembro no Eliseu, na presença do então presidente Nicolas Sarkozy, no qual participaram Michel Platini, o atual emir do Qatar Tamim Ben Hamad Al Thani, e o então primeiro-ministro Hamad Ben Jassem.
Outra das detidas nesta operação foi Sophie Dion, antiga conselheira de Sarkozy para a área do desporto, também presente nesse pequeno-almoço, tal como o então secretário-geral do Eliseu, Claude Guéant.
Ainda segundo o Le Monde, os investigadores pretendem confrontar Platini e Dion com as versões divergentes que apresentaram acerca do sucedido naquele pequeno-almoço.
A atribuição ao Qatar da organização da competição futebolística mais importante esteve sempre envolta em polémica. Em março, o ex-presidente da FIFA Joseph Blatter afirmou ao Sunday Times que a decisão foi determinada pelo apoio político de Sarkozy, que terá pedido a Michel Platini para mobilizar os votos que controla a favor da candidatura do emirado. A escolha do Qatar, que competia com os Estados Unidos pela organização do Mundial 2022, foi na altura uma surpresa. Blatter e Platini acabaram por ser afastados da organização desportiva por suspeitas de corrupção.
Segundo o Sunday Times, três semanas antes da votação a FIFA assinou um contrato secreto com a rede televisiva Al Jazeera, que garantia à federação 75 milhões de euros se o Qatar fosse o escolhido. Três anos depois da escolha, foi assinado outro contrato de direitos televisivos no valor de 427 milhões pagos pelo Qatar à FIFA, adiantou o jornal britânico.
A suspeita de que Sarkozy terá recebido subornos do Qatar adensou-se com a proximidade do ex-presidente a empresários beneficiados com dinheiro do emirado na altura da escolha do país anfitrião do Mundial 2022. Foi o caso da compra de 5% da Veolia por parte do fundo estatal Quatari Diar e,m abril de 2010 ou a compra do maior clube da capital francesa, o Paris Saint Germain, em 2011, então detido pelo empresário Sébastien Bazin, que viria a contratar Sarkozy em 2017, após o fracasso nas primárias de nova candidatura presidencial.