Na inauguração da nova sede do Bloco de Esquerda em Beja, esta quarta-feira, Mariana Mortágua ligou as duas notícias do dia: “a primeira é que o preço das casas voltou a subir e a segunda é que o Governo, perante o preço das casas a subir, perante urgências fechadas e problemas na saúde, decide que o investimento a fazer é em armamento”, afirmou a propósito da isenção do investimento em armamento para efeitos de déficit.
Para ela, “não faz nenhum sentido que num país onde há tantas necessidades de investimento” esta seja a prioridade. Até porque, sublinha, “a União Europeia já tem um orçamento que é muito superior ao da Rússia” neste aspeto.
Contra os “unanimismos em torno desta corrida para a guerra”, o Bloco pretende afirmar que “não precisamos de mais armas” mas sim “de mais casas, de mais camas de hospital, de mais professores, de mais escolas, de mais serviços públicos”, de apostar na habitação e no combate às alterações climáticas.
Alentejo, desertificação, falta de infraestruturas e questões ambientais como problemas a resolver
Este encontro inaugural na sede da nova sede do Bloco no distrito de Beja contou com a presença de imigrantes. Uma ocasião para lembrar que “se não forem os imigrantes, não há gente para trabalhar para a agricultura”. E face a esta necessidade surge também a obrigação de “regularizar as pessoas e ter serviços públicos para toda a gente”.
A coordenadora do Bloco explica que “a imigração faz parte do Alentejo por questões de mão de obra, por questões de fuga populacional, desertificação”. Descreve que são pessoas que vêm trabalhar como os portugueses foram para outros países e é preciso salientar o seu contributo, por exemplo ajudando a pagar pensões, opondo-se este “reconhecimento” às “políticas de ódio”.
Sobre esta região salienta ainda que “é preciso criar infraestruturas e condições”, lembrando que “não temos uma linha eletrificada de comboio para Beja”, que “não há transportes públicos, não houve investimento suficiente, não houve capacidade para atrair pessoas e elas foram-se embora”.
Outro problema do distrito é o olival intensivo que “é muito bonito nas fotografias mas é um problema ambiental sério”. A aposta neste implica que “as terras vão ser esgotadas” e “daqui a uns anos não se consegue produzir nada”, uma realidade que reduz a biodiversidade e implica consumos de água que não são compatíveis com a sustentabilidade ambiental.