No fim da manifestação da CGTP, mais de cem pessoas que tinham acompanhado o cortejo entre o Rossio e São Bento prosseguiram o protesto pelas ruas da capital. Dirigiram-se para a zona das Amoreiras, uma das saídas mais congestionadas de Lisboa, em direção à Auto-Estrada 5, que ficou cortada ao trânsito. Em seguida, continuaram para o acesso à Ponte 25 de Abril até serem travados pela barreira policial formada por baixo do Viaduto Duarte Pacheco.
O forte dispositivo policial que acorreu a esta manifestação, com mais de uma centena de agentes da PSP e do Corpo de Intervenção, cercou os manifestantes, conduzindo-os a uma rua lateral no bairro da Bela Flor, onde ainda procede à identificação e revista individual a centenas de pessoas. A polícia cortou o acesso ao local, inclusive aos jornalistas e aos moradores, que ainda esperam o fim da operação de revista. Às 20h10, a operação de identificação já ia a meio, mas ninguém tinha sido ainda libertado do cerco policial montado a este protesto que decorreu pacificamente. Depois de identificados, os manifestantes foram notificados para comparecer no Juízo de Pequena Instãncia, no Parque das Nações, às 10h de sexta-feira, para serem julgados por corte de via pública e manifestação ilegal.
Manifestantes dizem que Governo quer provocar escândalo para abafar impacto da Greve Geral
A identificação dos presentes no protesto durou mais de quatro horas e só depois das 23h começaram a ser libertados a conta-gotas. Em comunicado distribuído à imprensa, o grupo detido no Bairro de Bela Flor afirma que a manifestação espontânea foi sempre acompanhada pela polícia, que não lhes deu nenhuma indicação sobre o percurso a seguir ou a evitar.
Durante todo o percurso, os manifestantes foram pacíficos e não causaram qualquer tipo de danos. Após a passagem pelo Centro Comercial das Amoreiras, quando nos aproximámos do acesso para a Ponte 25 de Abril, pela primeira vez, as autoridades comunicaram connosco para nos indicar que enveredássemos para o acesso à Ponte 25 de Abril", onde acabaram por ser cercados pelo corpo de intervenção policial que os esperava e mantidos "sem acesso a água ou sanitários" nas horas seguintes.
"Já na anterior Greve Geral aconteceram inúmeras irregularidades nas detenções que foram efectuadas e, mais uma vez, o governo procura formar um escândalo para tentar abafar o impacto da Greve Geral. Aqui não há criminosos mas há arguidos; no governo não há arguidos, há criminosos", conclui o comunicado que apela à presença na concentração de solidariedade na manhã de sexta no Campus da Justiça do Parque das Nações.