Em comunicado, os organizadores das manifestações deste sábado em várias cidades do país pelo direito à habitação afirmam que na sua conferência de imprensa de ontem, "o primeiro-ministro ensaiou, através de um apelo à participação de Presidentes de Câmaras, uma colagem às manifestações pelo direito à habitação". E consideram que isso se trata de "uma tentativa desesperada de lavar os erros das políticas do Governo, ocultar a sua promiscuidade com o lobby imobiliário e disfarçar a completa recusa das medidas de fundo exigidas na convocatória dos protestos".
As manifestações "Casa para Viver" estão marcadas para este sábado, 1 de abril, as 15h em Lisboa (Alameda), Porto (Praça da Batalha), Coimbra (Praça 8 de Maio), Viseu (Rossio), Aveiro (Praça Joaquim de Melo Freitas) e Braga (Coreto da Avenida Central). "Ao tentar pendurar-se nas manifestações de amanhã, o Governo exibe desespero e a consciência de que a sua manobra de propaganda que é o pacote 'Mais Habitação' não funcionou para travar a indignação popular. Recusando-se a controlar os preços das rendas e o disparo dos juros, resta-lhe tentar controlar o protesto. Não aceitamos a instrumentalização desta luta pelo Governo. Quem faz parte do problema não faz parte da solução", respondem os ativistas.
"As manifestações de sábado são uma crítica às políticas de habitação do Governo e ao seu recente pacote de medidas, que persiste nos mesmos erros, procurando apenas atirar areia para os olhos da população", dizem os organizadores. Em vez de "fortalecer benefícios fiscais e dar borlas a senhorios e especuladores que não diminuirão os custos da habitação", o que é necessário são medidas "como o controlo das rendas e a suspensão dos despejos durante este período de crise social", que o Governo rejeita.
"Este é um Governo que continua submisso aos interesses do lobby imobiliário, não houvessem três ministros e duas secretárias de Estado com negócios no setor, como demonstrado pelas suas declarações de registo de interesses, algo que condenamos de forma inequívoca", referem.
Para este sábado, as exigências dos manifestantes são conhecidas e passam por parar despejos e demolições sem alternativa digna e adequada, o aumento da oferta de habitação pública, social e cooperativa de qualidade, o controlo do mercado imobiliário e descida das rendas, a regulação dos juros bancários e proteção da habitação das famílias endividadas, o fim real dos mecanismos previstos nos vistos gold, do estatuto do residente não habitual, dos incentivos para nómadas digitais e das isenções fiscais para imobiliário de luxo e fundos de investimento, a coletivização das casas vazias das empresas imobiliárias, fundos de investimento e grandes proprietários e o fim dos apartamentos turísticos, "porque as casas são para habitar, não para especular".