Na sequência do crime que, no passado fim de semana, tirou a vida ao cabo-verdiano de 49 anos, agredido a soco por um jovem faialense, mais de 200 pessoas manifestaram a sua “rejeição inequívoca ao racismo, xenofobia e qualquer forma de ódio e intolerância”.
Em comunicado, os promotores do evento referem que testemunhas oculares “afirmam ter-se tratado de crime de ódio racial e mencionam insultos racistas à vítima antes da agressão”. Segundo as mesmas testemunhas, já teriam “havido agressões e insultos racistas na mesma noite e em noites anteriores por parte de pessoas próximas ao agressor e dirigidas a outros membros da comunidade africana da ilha”, lê-se na missiva.
A vigília, organizada por um grupo informal de pessoas próximas às que assistiram ao sucedido naquela noite, contou com a presença “de membros da comunidade africana da ilha, de fora desta comunidade e ainda de cidadãos de outras nacionalidades”.
Os membros da organização do evento afirmam-se “profundamente sentidos com o recente incidente e consideram que este ato de violência, ocorrido em plena Ilha do Faial, nos Açores, é um lembrete doloroso dos desafios persistentes que enfrentamos em relação ao racismo e à xenofobia”.
Durante a concentração, inúmeras pessoas relataram “situações de assédio verbal e físico de ordem racista que têm sentido ao longo dos anos”. Os manifestantes, de várias faixas etárias, “demonstraram a sua rejeição a estes comportamentos, exigindo respeito e justiça”.
A manifestação tinha como objetivo expressar solidariedade, repúdio e demandar justiça. Para além de homenagear a memória da vítima, procurou também dar-se destaque à importância urgente de combater todas as formas de discriminação racial na nossa sociedade.
A par de prestar homenagem ao cidadão cabo-verdiano falecido, reconhecendo a sua contribuição para a comunidade, condenar o racismo e a xenofobia e demonstrar solidariedade às comunidades afetadas pelo racismo, as pessoas que se juntaram a esta iniciativa exigiram a “investigação completa e imparcial do homicídio e a responsabilização dos culpados" e reivindicaram a “implementação de medidas concretas para prevenir futuros incidentes semelhantes” e a promoção da “educação e da sensibilização sobre questões de racismo e discriminação, incentivando o diálogo aberto e a mudança social”.