Maior greve numa década no Reino Unido

01 de fevereiro 2023 - 11:30

Esta quarta-feira, a onda grevista britânica dos últimos meses converge numa ação que envolve até meio milhão de trabalhadores. Luta-se por aumentos salariais numa altura em que a inflação aumenta uma perda de poder de compra que já ocorre há anos e contra a nova lei anti-greves do governo conservador.

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Piquete de greve do  National Education Union esta quarta-feira. Foto de DAM VAUGHAN/EPA/Lusa.
Piquete de greve do National Education Union esta quarta-feira. Foto de DAM VAUGHAN/EPA/Lusa.

Professores, funcionários públicos, trabalhadores do ensino superior, pessoal do serviço de fronteiras, ferroviários e outros trabalhadores dos transportes. Um universo estimado de meio milhão de pessoas está abrangido pelas várias convocatórias de greves no Reino Unido para esta quarta-feira, sendo considerada a maior nos últimos dez anos.

Este dia é o ponto mais alto de uma luta que dura há vários meses. O ONS, o departamento nacional de estatísticas britânico, contabiliza, entre junho e novembro de 2022, 1,6 milhões de dias de trabalho “perdidos” devido a conflitos laborais. E só em novembro passado foram 467.000, o que é um número recorde só superado nos últimos tempos pelo ano de 2011.

Protesta-se em geral por melhores condições de trabalho e salários face à inflação que atinge os 10,5% mas também contra a nova lei das greves. Esta terça-feira, o Partido Conservador fez aprovar na generalidade no parlamento britânico esta lei que limitará o direito à greve ao colocar a determinação de serviços mínimos nas mãos do governo e obrigará os sindicatos a pagar multas quase estes sejam quebrados.

Ao nível salarial, os professores exigem um aumento de 12% que, alegam, não compensa sequer os 24% que foram perdendo desde 2010 por causa da inflação. O governo apenas quer aumentar 5%. Aos maquinistas, por seu turno, foi proposto um aumento de 4% pelo ano passado e de outros 4% por este. Mas o acordo é recusado porque implica aceitação de várias condições compensatórias como a obrigatoriedade de trabalho ao domingo. Pelo que 15 transportadoras ferroviárias enfrentam esta quarta-feira esta greve, assim como algumas empresas de autocarros.

Já os funcionários públicos foram aumentados em 2% mas pretendiam 10%, uma vez que o que o governo quer desembolsar os faz perder muito. 124 departamentos estatais serão portanto afetados por esta greve.

A onda grevista não vai ficar por aqui. Os enfermeiros do Royal College of Nursing, GMB e Unite entram em greve para a semana. Os fisioterapeutas também o farão na próxima quinta-feira e no dia seguinte serão os motoristas de ambulância. A 17 de fevereiro será a vez dos trabalhadores do British Museum. E para 6 de março há já uma convocatória de greve que abrange professores e trabalhadores do NHS, o serviço nacional de saúde britânico.

Ainda não agendada mas já decidida, está uma greve de bombeiros e do pessoal de apoio das salas de controlo. É a primeira vez em 20 anos que entrarão em greve uma decisão votada favoravelmente por 88% num escrutínio com a participação de 73% dos membros. Os trabalhadores rejeitaram um aumento de apenas 5%, sendo que perderam 12% do seu poder de compra desde 2010. Mas dizem-se dispostos a anular a decisão de entrar em greve se num prazo de dez dias as condições forem melhoradas.

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