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Jornada internacional de solidariedade com a luta das trabalhadoras da limpeza na Grécia

Para o dia 20 de Setembro está convocada uma jornada internacional de solidariedade com a luta das 595 trabalhadoras de limpeza do Ministério das Finanças da Grécia, despedidas há um ano e desde então protagonistas de uma intensa mobilização contra esta decisão e as políticas de austeridade que se vivem no país. Por Rita Calvário

Estas mulheres, de idades entre os 45 e os 57 anos, com salários baixos entre os 300 e 600 euros, muitas com mais de 20 anos de serviço, foram despedidas em Setembro de 2013 para favorecer o outsourcing a empresas privadas de limpeza. Esta decisão, contrariada pelo tribunal, mas sem que o Governo ceda, é antes de mais um logro: o Ministério gasta mais com o outsourcing. Mas o motivo não é financeiro, é simbólico: a mensagem é de que o Estado serve para favorecer os privados e os negócios, abandonando qualquer função pública e social; e de que a precariedade laboral é a condição dos tempos que correm e os direitos são descartáveis.

Mas estas mulheres recusaram-se a cruzar os braços. Durante 11 meses desenvolveram várias ações de protesto e mobilização, incluindo a ocupação diária da entrada do edifício do Ministério, aí dormindo, fazendo as suas refeições, recolhendo assinaturas, promovendo debates, falando com as pessoas que passam, .... Com a sua luta geraram-se solidariedades várias, com outros e outras trabalhadoras, pensionistas, estudantes, movimentos, grupos ou somente indivíduos, expressando-se das mais variadas formas. Por exemplo, todos os dias há sempre alguém, organizado ou não, que leva comida ou cozinha no local refeições para as mulheres em luta. Outros cedem equipamentos de som, ajudam com panfletos, na organização de eventos musicais, participando nas manifestações, e por aí fora. A resposta do Governo tem sido a violência policial para tentar parar a luta e o seu contágio a outras situações de abuso. A luta destas mulheres é um sinal de perseverança e dignidade, sendo um símbolo de resistência e não resignação à ditadura da dívida e austeridade e fonte de inspiração para outras tantas lutas.

Como elas dizem, "a solidariedade é a arma do povo". Daí o apelo que a solidariedade se estenda aos vários pontos do mundo.

Artigo de Rita Calvário publicado no blogue Inflexão

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda, engenheira agrónoma.
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