Qassem Soleimani foi até agora o comandante e cérebro das operações militares mais importantes do Irão. Do apoio a Bashar al-Assad na guerra civil da Síria ao conflito entre a milícia do Hezbollah e Israel no Líbano, passando pela intervenção das milícias pró-iranianas no Iraque, com as quais se encontrava no aeroporto de Bagdade no momento do ataque, o general marcou as últimas décadas do poderio iraniano na região.
No anúncio da sua morte, o aiatola Ali Khamenei anunciou três dias de luto nacional e prometeu “vingança severa” contra os “criminosos”. No Twitter, o chefe da diplomacia do Irão, Javad Zarif, afirmou que “o ato de terrorismo internacional dos EUA, que visou e assassinou o general Soleimani – a mais eficaz força no combate ao Daesh, à Al-Nusra, à Al-Qaeda e outros – é uma escalada extremamente perigosa e tonta”.
Justificado pela Casa Branca e o Pentágono com a necessidade de frustrar os planos do Irão para futuros ataques contra os interesses dos EUA, o assassinato de Soleimani surgiu em retaliação ao cerco da embaixada norte-americana em Bagdade por uma milícia pró-iraniana que tinha perdido 25 elementos ao ser alvo de bombardeamentos mortíferos dos EUA nos dias anteriores. Por sua vez, o ataque à milícia Kataib Hezbollah foi uma retaliação pela morte de um norte-americano perto da cidade iraquiana de Kirkuk, uma ação que a referida milícia rejeita ter estado envolvida.
O primeiro-ministro do Iraque também reagiu a este ataque e referiu-se ao líder da milícia morto ao lado de Soleimani, Abu Mahdi al-Muhandis, afirmando que o seu assassinato foi um ato de agressão contra o Iraque e uma violação das condições em que os norte-americanos agem no seu país. Pelo menos seis pessoas morreram neste ataque com drone dirigido a uma coluna de veículos que seguia na estrada perto do aeroporto. O parlamento iraquiano vai reunir no sábado para “tomar ações determinadas a pôr fim à presença dos EUA no Iraque”, afirmou o vice-presidente do parlamento Hassan al-Kaabi, citado pelo Guardian.
Nos Estados Unidos, as reações a este ataque dividiram opiniões entre republicanos e democratas, com os apoiantes de Trump a aplaudirem a ação do presidente e os adversários a criticarem que uma decisão desta envergadura, que pode despoletar um conflito armado de grandes dimensões, tenha sido aprovada sem qualquer autorização do Congresso.