Após dois meses da primeira declaração de estado de emergência, a Rede de Investigadores Contra a Precariedade Científica lançou um “desafio ao Governo” para resolução de problemas que consideram estruturais para a ciência em Portugal e que foi publicado no jornal Público.
Segundo os investigadores subscritores do texto, assistimos atualmente a “uma crescente expetativa social face à ciência, vista como a principal solução para a crise pandémica: encontrando uma vacina, melhorando as terapêuticas, ajudando a resolver as questões económicas, propondo soluções para os problemas sociais e psicológicos ou estudando os instrumentos para voltar à ‘normalidade’”.
Os investigadores afirmam estar disponíveis para assumir o “desafio”, mas lamentam que o Governo e as universidades continuem sem reconhecer que as dificuldades dos investigadores resultam de décadas de “escolhas políticas” que precarizaram bastante o “trabalho científico” e impulsionaram o abandono da profissão e a emigração. E dão o exemplo do programa de regularização de precários na administração pública, o PREVPAP, que consideram ter sido “sabotado pela tutela, pelas universidades, pelas suas instituições de ensino superior e pelas associações de direito privado a estas ligadas que permitiram ‘esconder’ o trabalho precário e fingir que este não exercia funções na, e para, a universidade, ficando assim a maioria dos investigadores por regularizar.
A rede de investigadores aponta para oito soluções concretas para valorizar o trabalho científico que consideram ser do conhecimento do Governo e das instituições de ensino superior:
- “A carreira científica deve ser a normalidade do trabalho científico”;
- “Não podem existir carreiras paralelas”;
- “Nenhum trabalhador ou trabalhadora deverá poder ser contratado com uma bolsa”;
- “As instituições devem assumir a responsabilidade pelos/as seus/suas trabalhadores e trabalhadoras”;
- “A gestão das unidades de investigação e de ensino deve ser democrática”;
- “O sistema de financiamento deve ser credível”;
- “O sistema de concursos deve ser mais diverso e flexível”;
- “Impõe-se uma discussão séria sobre a reorganização do atual sistema científico e tecnológico”;