Em declarações aos jornalistas após a reunião com o Presidente da República, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda referiu que o partido transmitiu a sua preocupação face à situação social em Portugal, “com grande enfoque na questão da habitação”. Mariana Mortágua lembrou que vivemos uma crise “em que muita gente não consegue fazer face às despesas com a habitação ou ou que, para fazer face a essas despesas, está a empobrecer, deixando de realizar outros gastos que são essenciais”.
A dirigente bloquista criticou os recuos do governo, inclusive no que respeita aos vistos gold, acusando o executivo socialista de “ceder em toda a linha aos interesses financeiros e imobiliários”.
Mariana fez ainda referência ao “recuo importante relativamente ao apoio à renda”, com “milhares de pessoas que pensavam que iam ter um alívio nas suas vidas” a descobrirem agora que não vão receber qualquer apoio. Independentemente das mais de duas dezenas de alterações ao pacote Mais Habitação apresentadas pelo Bloco, a deputada lamentou que o Governo tenha desmentido a sua própria lei e a venha alterar por despacho.
Responder à fragilidade dos serviços públicos
Mariana teve ainda oportunidade de transmitir a Marcelo Rebelo de Sousa que a fragilidade dos serviços públicos durante a realização das Jornadas Mundiais da Juventude, que poderá trazer a Lisboa até dois milhões de pessoas, é outro fator de preocupação para o Bloco.
Conforme explicou, em causa está “a organização dos serviços públicos em três áreas essenciais: saúde, transportes e proteção civil”, com “particular preocupação” no que concerne a bombeiros e proteção de incêndios, profissionais que estarão destacados para o evento mas serão necessários noutros âmbitos.
A coordenadora bloquista afirmou ainda “temer que o Governo acabe por compensar a sua falta de preparação com algum autoritarismo sobre os trabalhadores dos serviços públicos”, transferindo-os “de um lado para o outro sem que a sua opinião seja devidamente considerada” ou impedindo-os de tirar férias neste período.
Garantir que há tempo para campanha eleitoral na Madeira
Sobre as eleições na Região Autónoma da Madeira, Mariana frisou que “a data escolhida deve garantir que há tempo para a campanha eleitoral”, até porque o poder político está concentrado nesta região e é necessário assegurar transparência no processo e um debate público e plural.
Durante o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, a coordenadora do Bloco abordou as questões relativas à educação e luta dos professores e ao desinvestimento na saúde, lamentando que o Governo não apresente soluções estruturais para os serviços públicos.
De acordo com Mariana Mortágua, o executivo anda a “navegar à vista” e a “enredar nos próprios problemas da maioria absoluta”, ao mesmo tempo que impõe ao país um “modelo económico facilitista, dependente do turismo em massa, de atividades de baixo valor acrescentado e baixos salários”.