Grupo de caçadores mata 540 animais na Azambuja

22 de dezembro 2020 - 9:03

Um dia de caça organizado por uma empresa numa herdade murada culminou na morte de 540 veados, gamos e javalis. O Bloco de Esquerda já condenou a matança generalizada e lembra que as "zonas de caça turística não podem ser um país à parte".

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Fotografia de Facebook.
Fotografia de Facebook.

Uma montaria, termo usado para o ato de caçar, com 16 caçadores organizada na Quinta da Torre Bela, concelho da Azambuja, culminou na morte de 540 animais. O abate destes animais, alegadamente organizado por uma empresa espanhola, foi divulgado nas redes sociais e rapidamente gerou indignação.

A notícia, inicialmente divulgada pelo jornal online Fundamental, foi acompanhada de uma citação da publicação nas redes sociais: “Conseguimos de novo! 540 animais com 16 caçadores em Portugal, um recorde numa super montaria”, lê-se.

O jornal local explica ainda que a zona onde a caça teve lugar é murada e com poucas árvores, pelo que os animais não tinham como se esconder ou fugir da matança generalizada. Os corpos dos animais, maioritariamente veados, gamos e javalis, terão ficado amontoados no terreno, desconhecendo-se o seu destino.

O deputado bloquista Nelson Peralta já veio condenar a chacina. Em declarações ao Esquerda.net, explica que o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a entidade responsável pelas autorizações de caça no local, não pode fazer “figura ausente” e exige que este garanta a conservação da natureza e da biodiversidade.

"Este abate massivo não visou manter o equilíbrio ecológico e cinegético da área", pelo que "deve ser averiguado como tal pôde ocorrer e apuradas as responsabilidades”, explica Peralta.

Numa área de 775 hectares naquela zona em particular, lembra o deputado, está em avaliação ambiental a instalação de um parque de painéis fotovoltaicos, pelo que a “proteção da biodiversidade e da natureza têm que ser garantidas neste processo, incluído as espécies cinegéticas”.

“A conservação da natureza não pode ficar à porta de zonas muradas. E as zonas de caça turística não podem ser um país à parte”, comentou.

As autoridades locais afirmaram não ter conhecimento prévio da organização daquela montaria, até porque aquela é uma herdade privada situada numa zona turística. Em comunicado, a autarquia da Azambuja explicou que a autorização para caça no local não é sua responsabilidade, mas sim do ICNF. Segundo o mesmo documento, já terão enviado “uma comunicação” a este órgão e ao Ministério da Agricultura, para que "estas entidades verifiquem a legalidade" da situação.

Já o ICNF veio a público afirmar que não teve conhecimento da montada organizada numa zona de caça concessionada à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG. Lda. 

Segundo o gabinete de comunicação, citado pelo jornal Público, “o Plano de Ordenamento e Exploração Cinegético dessa ZCT prevê a exploração do veado e do javali, pelos métodos previstos na lei, onde se incluem as montarias”, acrescentando que “os números de animais abatidos divulgados pela comunicação social” conduziram à abertura de um processo de averiguações junto da entidade gestora da Zona de Caça Turística da Torre Bela.

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