O Bloco de Esquerda reuniu esta segunda-feira com vários dos sindicatos envolvidos na preparação da Greve Geral da próxima quinta-feira. De manhã houve encontro com o Sindicato dos Maquinistas e o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, seguida de novo encontro com o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal. Da parte da tarde, João Semedo encontrou-se com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e com o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
Em declarações aos jornalistas após o encontro com os dirigentes sindicais dos enfermeiros, João Semedo afirmou que esta "é uma greve importantíssima e num momento decisivo". "É a greve de quem quer defender o seu emprego, o seu salário e também a sua reforma e pensão hoje e no futuro. Mas é a greve de todos os portugueses que não querem dispensar os serviços públicos, a escola pública e o SNS", acrescentou o coordenador do Bloco.
"Somos solidários com as centrais sindicais e os trabalhadores portugueses para que esta Greve Geral exprima e traduza a condenação das portuguesas e dos portugueses a uma política que tem desgraçado o país, empobrecido a sua economia, as famílias e as pessoas", prosseguiu Semedo.
Questionado sobre a reivindicação das associações patronais para uma descida dos impostos, Semedo assinalou que "o patronato acordou tarde demais para os malefícios da austeridade, que condena a economia portuguesa ao empobrecimento". "Se as empresas não vendem, também não produzem, razão pela qual os empresários defendem um modelo diferente", afirmou Semedo. Mas para o Bloco de Esquerda, a redução da carga fiscal deve ser sempre acompanhada "do aumento dos salários e das reformas e pensões, para dar poder de compra às pessoas".
"Quando a economia empobrece, empobrecemos todos nós: os do setor público e os do privado, os que têm emprego e os que não têm emprego, os reformados… Por isso não me espanta que os empresários tenham finalmente percebido que a austeridade é a mãe da recessão", concluiu Semedo.
O coordenador bloquista lembrou ainda que o problema fundamental do país é a dívida. "Nós pagamos uma brutalidade de juros dessa dívida e a economia do país não produz o suficiente para pagar nem os juros nem a dívida. Ainda hoje os juros atingiram o valor mais alto desde o início do ano", recordou Semedo, sublinhando que "os juros são sensíveis à especulação dos mercados financeiros".
"O fundamental é cortar na dívida para que a economia portuguesa possa respirar e possa ter fundos para se financiar. Sem economia, não há riqueza sequer para distribuir, não há emprego e portanto o país continuará a afundar-se" caso não haja uma inversão completa das políticas do Governo PSD/CDS.