Francisco Louçã realçou também que a crise no grupo Espírito Santo reforça a necessidade de reestruturar a dívida para travar aumento do endividamento. O economista e dirigente do Bloco fez estas declarações à comunicação social após a apresentação do programa para a reestruturação da dívida portuguesa, de que são também autores os economistas Ricardo Cabral, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos.
Segundo a agência Lusa, Francisco Louçã declarou: "Já temos um problema sistémico, há um castelo de cartas do qual se tirou uma peça e que está a cair. Agora é necessário reestruturar a dívida para travar a continuação da subida da dívida. O problema já cá está, queremos é resolvê-lo em vez de o agravar como o Governo faz".
O economista afirmou ainda:
“Estamos a viver uma tempestade no verão porque daqui a uma semana o GES [grupo Espírito Santo] entrará em ‘default' no Luxemburgo e na Suíça se não pagar 900 milhões de euros à PT [Portugal Telecom] num arranjo muito estranho que tem afundado as ações da PT, prejudicado o GES e o ‘rating' [notação] da República Portuguesa e toda a confiança no sistema bancário”. O grupo GES tem de pagar a primeira tranche de 847 milhões de euros a 15 de julho e até dois dias depois mais 50 milhões.
Francisco Louçã considera a crise no GES "uma situação dramática" e salientou:
“Depois do que Portugal tem sofrido às mãos de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Jardim Gonçalves e Ricardo Salgado, os bancos são um risco sistémico e ameaçam a economia portuguesa".
Segundo a Lusa, o dirigente do Bloco considera que "agora é o momento" e que "é desesperadamente importante" o saneamento dos passivos bancários, que abata as dívidas, solidifique os bancos, proteja os depositantes e garanta que os bancos ajudam a que haja liquidez e investimento na economia.
A "resolução bancária sistémica" é uma das propostas previstas no relatório dos quatro economistas hoje apresentado, segundo a qual os depósitos até 100 mil euros estão salvaguardados. Louçã frisa que esta medida contribuirá para reestruturar a dívida externa portuguesa, juntamente com a reestruturação da dívida pública.
De acordo com a agência, Francisco Louçã foi questionado sobre eventuais efeitos negativos de uma reestruturação da dívida e afirmou, sublinhando que houve 600 reestruturações da dívida nos últimos 50 anos:
"Podemos dizer à Alemanha que foi o que eles fizeram quando precisaram. A Alemanha fez a maior reestruturação da história moderna das economias do nosso tempo e foi apoiada pelos seus credores".