A edição russa da revista Forbes, citada pela Reuters, aponta que a lista dos mais ricos da Rússia foi engrossada por “bilionários que ganharam dinheiro com snacks, supermercados, produtos químicos, construção e produtos farmacêuticos” devido à procura interna que, segundo a revista, “manteve-se forte apesar das sanções” ocidentais decretadas na sequência da invasão da Ucrânia.
A Rússia tem agora 110 bilionários, mais 22 do que no ano passado. A lista seria ainda maior se cinco bilionários não tivessem renunciado à cidadania russa. Em causa está o fundador da DST Global, Yuri Milner, o fundador da Revolut, Nikolay Storonsky, o fundador da Freedom Finance, Timur Turlov, e os co-fundadores da JetBrains, Sergei Dmitriev e Valentin Kipyatkov.
Andrei Melnichenko é identificado como o mais rico da Rússia. O magnata “fez fortuna com fertilizantes, um património estimado de 22,96 mil milhões de euros, mais do dobro do valor estimado no ano passado”.
Já Vladimir Potanin, presidente da Nornickel, maior produtor mundial de paládio e níquel refinado, e também o maior acionista da empresa, é “o segundo mais rico da Rússia, com uma fortuna avaliada em 21,59 mil milhões de euros”.
Vladimir Lisin, líder da siderúrgica NLMK, com uma fortuna avaliada em 20,13 mil milhões de dólares, ocupa o terceiro lugar.
Entre os 110 russos na lista dos bilionários do mundo de 2023, 46 são atualmente sancionados pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. Embora as fortunas do segundo e terceiro colocados Potanin e Lisin não tenham recuperado os seus níveis pré-guerra, Melnichenko é muito mais rico do que antes do início do conflito. Ajudado pelos preços mais altos dos fertilizantes, impulsionados pela guerra na Ucrânia, Melnichenko agora vale 6.6 mil milhões a mais do que antes da invasão russa, segundo a Forbes.
A fortuna dos bilionários russos fixa-se agora em 460 mil milhões de euros, mais 138,46 mil milhões de euros do que em 2022. Apesar do incremento do número de bilionários e das suas fortunas, os valores divulgados ainda não atingem os 552 mil milhões de euros registados em 2021, antes do eclodir da guerra.
Uma das razões para o surpreendente aumento nas fortunas dos mais ricos da Rússia, de acordo com a Forbes, tem a ver com o facto de a lista de 2022 ter sido compilada logo após a invasão da Ucrânia, com o pânico instalado nos mercados, uma corrida à moeda russa e previsões terríveis sobre a economia do país.
“Os resultados da classificação do ano passado [2022] foram influenciados por previsões apocalípticas sobre a economia russa", refere a Forbes.
Após a invasão da Ucrânia, a economia russa "encolheu 2,1% sob a pressão das sanções ocidentais". No entanto, o país continuou a "vender petróleo, metais e outros recursos naturais para mercados globais, em particular para a China, Índia e Médio Oriente", escreve a publicação.
A Forbes refere ainda que as atuais previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um crescimento da economia russa em 2023 de 0,7% e de 1,3% em 2024.