É a segunda grande fábrica do setor automóvel afetada pela crise no Alto Minho no espaço de uma semana. Depois do encerramento da Coindu de Arcos de Valdevez, é a fábrica da Cablerías, em Valença, a entrar em insolvência.
Trata-se de uma filial de uma empresa espanhola, presente em Portugal desde 2009 e com fábricas também em Vigo e Tânger, Marrocos, e que produz sistemas elétricos e eletrónicos para a indústria automóvel, nomeadamente para marcas como a BMW, Audi, Mercedes, Volvo, Kia e Ford.
Ficam assim em risco 250 empregos depois de, antes deles, terem sido já despedidos a maioria dos trabalhadores precários. A informação é do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins que acrescenta em comunicado que a empresa alegou não ter falta de trabalho mas “dificuldade de se financiar e em encontrar investidores com capacidade e vontade”.
À RTP, José Simões, do SIMA, considera ser “uma coisa muito ridícula”, pois “a empresa não tem um tostão mas temos trabalho”, ficando assim impossibilitada de comprar a matéria-prima de que necessita para as encomendas.
A empresa diz que estão garantidos os salários de dezembro e o subsídio de Natal mas “a partir desse momento, todos os pagamentos e decisões serão da competência do administrador de insolvência”.
Bloco solidário com os trabalhadores
O Bloco de Esquerda questionou esta quarta-feira a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre esta situação, pretendendo saber qual o acompanhamento que está em curso, se já foi comunicado à Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho algum despedimento coletivo e que medidas vão ser tomadas para “assegurar os postos de trabalho”.
O partido quer ainda saber se a empresa beneficiou de apoios públicos e manifesta-se “solidário com estes trabalhadores e trabalhadoras”.
No documento assinado pelo deputado José Soeiro considera-se “preocupante a situação que se está a viver no Alto Minho”, sublinhando que “numa semana são duas empresas que anunciam o seu encerramento” e assim “mais de 600 trabalhadores e trabalhadoras estão em risco de perder os seus empregos”.