Das demissões sucessivas de médicos e chefes de serviço em vários hospitais de norte a sul do país, aos pedidos de escusa de enfermeiros e recusas em fazer mais horas extraordinárias além das previstas, os sinais de exaustão no Serviço Nacional de Saúde continuam a surgir dia após dia.
No Centro Hospitalar de Leiria, foram entregues 1.106 pedidos de escusa de responsabilidade, o que implica que em praticamente todos os turnos haverá pedidos dos profissionais que não se sentem em condições de garantir a qualidade necessária nos cuidados aos utentes.
No Hospital das Caldas da Rainha foram entregues 136 escusas, e no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra foram entregues 75 pedidos do principal Serviço de Urgências.
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A 7 de outubro, 87 médicos do Hospital de Setúbal demitiram-se em bloco depois do diretor clínico ter apresentado demissão uma semana antes, em protesto contra a situação de rutura total nos serviços de Obstetrícia, Ginecologia, e Oncologia.
A 26 de outubro, dez chefes do serviço de urgências do Hospital de Braga apresentaram a demissão devido à falta de condições de trabalho e desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente a escassez de profissionais. Neste hospital,os chefes de equipa estavam ao mesmo tempo a prestar atividade assistencial numa unidade de Cuidados Intermédios do serviço de urgência.
No Algarve, a diretora do Serviço de Pediatria do Hospital de Faro demitiu-se por falta de profissionais. Em dezembro, dois pediatras vão assegurar 19 noites na Urgência.
Esta terça-feira, 23 de novembro, os chefes da urgência cirúrgica do Hospital Central de Santa Maria apresentaram demissão exigindo “que fossem tomadas medidas para que o banco de urgência continuasse a ter uma vida normal, porque só eram duas pessoas, um chefe de equipa e um especialista, e precisavam de seis pessoas diferenciadas".