Em Havana, Papa Francisco diz que nova relação entre Cuba e EUA é “vitória do diálogo”

20 de setembro 2015 - 18:06

Presidente cubano, Raúl Castro, recebeu pontífice argentino e agradeceu o seu papel na mediação entre os dois países, mas pediu fim do bloqueio económico. Por Redação do Opera Mundi

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Papa Francisco e Raul Castro: "acontecimento cheio de esperança".
Papa Francisco e Raul Castro: "acontecimento cheio de esperança".

O avião do papa Francisco aterrou em Havana, capital de Cuba, pouco antes 16h locais deste sábado para a primeira etapa de uma viagem que terminará na semana que vem nos Estados Unidos.

Considerado fundamental no processo de restabelecimento de relações diplomáticas entre as duas nações que estavam há mais de meio século rompidas, o pontífice argentino declarou em solo cubano que se trata de uma "vitória do diálogo".

"Estamos a ser testemunhas de um acontecimento cheio de esperança: o processo de normalização das relações entre dois povos, após anos de distanciamento. É um processo e um sinal da vitória da cultura do encontro e do diálogo", anunciou o papa, ainda no aeroporto internacional cubano José Martí.

Para Francisco, trata-se "de um exemplo de reconciliação para o mundo" em meio a um "momento de terceira guerra mundial em partes". No discurso, ele ainda lembrou que os seus predecessores, João Paulo II e Bento XVI, já visitaram a ilha em outras ocasiões (em 1998 e 2012, respetivamente).

Ainda no aeroporto, o líder da Santa Sé foi recebido por uma comitiva liderada pelo presidente do país, Raúl Castro, que deu calorosas boas-vindas e ressaltou a importância da sua visita.

"O povo e o governo cubanos recebem o papa com profundo respeito", declarou o chefe de Estado, agradecendo o apoio dado para normalização dos vínculos com os vizinhos norte-americanos.

Raúl Castro agradeceu o apoio dado para normalização dos vínculos com os vizinhos norte-americanos.

Castro ainda aproveitou a oportunidade para pedir o fim do bloqueio económico exercido por Washington à ilha, bem como a devolução da base militar de Guantánamo.

Além do presidente, o pontífice argentino foi recebido pelo cardeal Jaime Ortega, arcebispo na ilha, e por um grupo de crianças que lhe entregou presentes. Do lado de fora do aeroporto, centenas de pessoas gritavam frases como "esta é a Juventude de Cristo" e "Cristo vive!".

Agenda

Após a receção em Havana, o pontífice conduzirá este domingo uma missa na praça da Revolução, ao lado da icónica imagem de Che Guevara.

No dia seguinte, visitará a cidade de Holguin, a mais de 700 quilómetros ao sul de Havana, onde realizará um sermão na praça Calixto García. De lá, o pontífice termina sua viagem em Santiago de Cuba, a segunda cidade mais importante do país.

Após Cuba, Francisco irá em 22 de setembro para os Estados Unidos, onde visitará Washington, Nova York e Filadélfia. Ele será o primeiro papa a fazer um pronunciamento diante do Congresso norte-americano.

Publicado no Opera Mundi