Dragagens no Sado põem em causa golfinhos e riqueza ambiental

12 de outubro 2018 - 16:07

Governo deu autorização a dragagens que põem em causa a classificação ecológica do Estuário do Sado. Bloco chama Ministra do Mar e Presidente da APA ao Parlamento para esclarecerem se o executivo vai permitir que interesses económicos privados se sobreponham à preservação ambiental e à defesa dos golfinhos.

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Foto Esquerda.net.

A Administração do Porto de Setúbal solicitou autorização ao Governo para avançar com dragagens no Sado, no âmbito de um plano económico de expansão do Porto. O pedido foi deferido, o que põe em causa a classificação ecológica do Estuário do Sado enquanto zona também de proteção de golfinhos.

Neste contexto, o Bloco chamou a Ministra do Mar e o Presidente da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] ao Parlamento para prestarem esclarecimentos sobre se o executivo de António Costa vai permitir que interesses privados da expansão do porto de Setúbal prevaleçam sobre o património ambiental e os golfinhos que residem no estuário do Sado.

Em declarações ao jornalistas, Joana Mortágua assinalou que “a zona do estuário do Sado, a sua riqueza ambiental, é um património não apenas do distrito de Setúbal, é um património do país” e que as dragagens constituem um "crime ambiental" de consequências imprevisíveis.

A deputada bloquista referiu que “já assistimos como a Arrábida tem sofrido crimes ambientais graves” e frisou que a prioridade do Governo devia ser a preservação ambiental daquele património porque nessa preservação ambiental, para além de toda essa riqueza, preservamos também a economia local”.

Joana Mortágua sinalizou ainda que os pescadores e a comunidade local estão muito preocupados com esta decisão e adiantou que nem sequer há vantagens económicas e sociais imediatas para este investimento.

Na realidade, ele é bastante “polémico, porque há atividades do setor que dizem que a capacidade do Porto de Setúbal não tem de ser expandida nas próximas décadas. Essa necessidade não existe”, acrescentou.

“Preocupa-nos que interesses económicos dos privados ponham em causa a preservação ambiental e, naturalmente, a defesa dos golfinhos”, lamentou a dirigente bloquista.

Também o Clube da Arrábida, que representa centenas de moradores e utentes das praias da Arrábida, e as associações ambientalistas Zero e Quercus, e a cooperativa de pescadores Sesibal, questionam as dragagens, tendo já convocado uma manifestação de protesto para as 16h de sábado, no jardim Luís da Fonseca, em frente ao INATEL de Setúbal.

Os promotores desta iniciativa dizem estar em causa "o maior atentado ambiental alguma vez cometido no rio Sado” e acusam a APSS (Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra) de querer "transformar Setúbal num porto de águas profundas, como o porto de Sines, retirando ao rio Sado 6,5 milhões de metros cúbicos de areia".

Conforme refere a TSF, os próprios biólogos contratados pelo Estado propuseram classificação ecológica para proteger golfinhos na área.