O semanário Expresso divulgou esta quinta-feira a acusação do Ministério Público contra o deputado do Chega na Assembleia Municipal de Lisboa, conselheiro nacional e vice-presidente da distrital do partido por dois crimes de prostituição de menores agravados. Nas últimas eleições legislativas, Nuno Pardal esteve à beira da eleição para deputado, ao ser colocado no décimo lugar da lista. Como o Chega elegeu nove deputados em Lisboa, se algum suspender o mandato o lugar em São Bento será ocupado por este antigo toureiro profissional de 53 anos que liderou a Associação Nacional de Toureiros e o Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses. Segundo a imprensa tauromáquica, anunciou que ia deixar os cargos para ser assessor do Chega com o pelouro dos eventos. Mas na página da Assembleia Municipal, Nuno Pardal apresenta-se ainda como presidente da associação e “CEO de uma agência de eventos e comunicação”.
Extrema-direita
Chega indicou acusado de prostituição de menores para Assembleia de Crianças de Lisboa
O procurador do DIAP de Cascais pede uma pena até cinco anos de prisão para Nuno Pardal por estes dois crimes. Na descrição dos factos, ocorridos no verão de 2023, conta como o dirigente do Chega chegou ao contacto com o rapaz de 15 nos através de uma aplicação e passou a comunicar com ele pelo WhatsApp, perguntando qual a sua experiência sexual e se já tinha estado com um “daddy” [papá], seguindo-se a combinação de um encontro junto a uma estação de comboios.

Em seguida, o dirigente do Chega levou-o no seu automóvel para um pinhal e no trajeto, diz a acusação, terá perguntado a idade do rapaz, que lhe respondeu ter 15 anos. Isso não demoveu o conselheiro nacional do Chega a prosseguir o encontro onde praticaram sexo oral “mútuo”. No final, Nuno Pardal enviou um código Mbway pra o rapaz levantar 20 euros numa caixa multibanco.
Se algum deputado do Chega por Lisboa suspender o mandato em São Bento, entra o ex-toureiro acusado de prostituição de menores
O dirigente do Chega tentou voltar a encontrar-se com o rapaz, mas este recusou a nova investida do antigo cavaleiro. Foi através das mensagens de telemóvel que os pais do rapaz se aperceberam da sua atividade e fizeram a denúncia à Polícia Judiciária. Além de Nuno Pardal, também é acusado o instrutor de voo que foi condenado pelo Tribunal da Relação por causa do acidente com uma avioneta que aterrou em plena praia de São João da Caparica em 2017, provocando a morte de homem e uma criança no areal. Neste caso, o encontro ter-se-á realizado numa casa nos arredores de Lisboa e o Ministério Público também acusa o instrutor de saber a idade do rapaz.
Segundo a lei portuguesa, a idade de consentimento para relações sexuais é de 16 anos, mas sobe para os 18 anos no caso de haver dinheiro envolvido.
Contactado pelo Expresso, Nuno Pardal diz estar a preparar a sua defesa, não negando o encontro com o rapaz. Tudo indica que irá alegar desconhecer que o rapaz tinha 15 anos por tê-lo contactado através de uma aplicação - o Grindr, a mais popular entre a comunidade homossexual para encontros - para maiores de 18 anos. “Irei serenamente preceder à minha defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes”, diz o deputado municipal que substituiu nesse cargo o seu cunhado Pedro Pessanha, o líder da distrital de Lisboa onde Pardal é vice e é um dos deputados do partido na Assembleia da República. Em declarações ao Observador, Nuno Pardal afirma que irá renunciar ao mandato na Assembleia Municipal de Lisboa.