“A COP dos anúncios vazios”: Assim se refere o movimento Climáximo à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) em comunicado.
Não há sequer lugar à congratulação pela inclusão da expressão “combustíveis fósseis” na declaração final de Glasgow, na medida em que a mesma “foi precedida de linguagem que evitou pôr em causa a continuação plena da indústria do carvão, petróleo e gás”.
E, de acordo com os ambientalistas, este não é o único “anúncio vazio”. Outro exemplo prende-se com a “promessa de travar a desflorestação até 2030, repetindo uma promessa de 2014”. Recorde-se que não só não se travou a desflorestação como não se impediu o seu aumento. E a meta é novamente atirada para um futuro longínquo.
“Regressam as promessas de neutralidade carbónica em 2050, baseadas em offsets de carbono que se têm revelado enormes fraudes e colocadas num futuro tão distante quanto inútil”, denuncia o Climáximo.
O movimento acrescenta que se confirmou que “o debate à volta da neutralidade de carbono é um debate acerca de como começar uma nova ronda de colonialismo e extractivismo, onde ir buscar os novos minerais, onde ocupar terras para simular acção climática plantando monoculturas agrícolas e florestais para produção de biomassa e biocombustíveis”.
Durante a COP26, cuja maior delegação foi a da indústria fóssil, com mais de 500 lobistas presentes, surgiu o anúncio de que “há pelo menos 800 novos poços petrolíferas planeados até ao final de 2022, que a União Europeia quer financiar 30 novos projetos de gás com 13 mil milhões de euros de dinheiro público, além de projetos em outros locais do mundo”.
O anúncio de que as próximas reuniões serão sob ditaduras no Egipto e nos Emirados Árabes Unidos foi a estocada final: “(…) acabaram várias ilusões acerca do processo, dos mecanismos de mercados propostos, da legitimidade e da permeabilidade à influência cidadã”.
Os ativistas defendem que “o movimento pela justiça climática deve assinalar a COP de Glasgow como a última COP”, assinalando tratar-se de um “espaço hostil à Humanidade e ao planeta, o espaço onde se planeia o colapso colectivo, um espaço autoritário e impermeável à razão e à ciência, e mais ainda a qualquer perspectiva política que não seja o lucro”.
E defendem também que “o movimento pela justiça climática, deve orientar-se para a acção, a organização e o seu programa”.
Na próxima quinta-feira, em articulação global com a campanha Collapse Total, o Climáximo irá bloquear a Refinaria de Sines da Galp.
As razões desta ação são claras. Os ambientalistas sabem que “não há qualquer transição energética em curso, só a expansão de renováveis no Norte Global e a expansão de fósseis por todo o mundo”.
Querem exigir que “não aconteça o mesmo que na Refinaria em Matosinhos, em que os trabalhadores foram abandonados e a produção simplesmente foi deslocada de Matosinhos para Sines, sem qualquer impacto em termos de emissões” e pretendem alertar para a necessidade de cortar 75% das emissões em Portugal até 2030, num processo social e político sem paralelo na nossa história.
Desta forma, assumem a sua “responsabilidade enquanto movimento, pela história que tem de ser construída para travar o colapso climático”.