Apresentava-se como “um dos principais ‘players’ do mercado português” de tecnologias de informação, faturava por ano 15 milhões de euros e tinha 7,9 milhões de euros em contratos ao Estado. Na sequência de uma operação policial, a Decsis acabou por apresentar um pedido de insolvência.
A situação deixa perto de 200 trabalhadores à beira do desemprego. Têm já os salários de julho e agosto em atraso. A administração assegura que os irá pagar e que o problema foi que operação Nexus fez com que “a banca cortasse todas as linhas de crédito” e motivasse problemas imediatos de tesouraria.
Em 8 de julho, a Polícia Judiciária fez uma operação a que chamou “Nexus” para investigar suspeitas de fraude e corrupção no âmbito da aquisição de sistemas informáticos por instituições públicas com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência. Foram então detidas seis pessoas, um administrador e três funcionários de uma empresa tecnológica, um funcionário de uma empresa concessionária e um funcionário público.
A Decsis, sediada em Évora, não foi diretamente visada, garante a administração, mas ficou a ela associada, comprometendo o funcionamento da empresa. Isto quer dizer que outra empresa que se apresentava publicamente na sua página de Internet como pertencendo ao mesmo grupo, a Decunify, é que estava a ser visada pela investigação. Esta foi já declarada insolvente por um tribunal do Porto em agosto.
A empresa possui o “monopólio” da gestão informática dos concelhos de Évora, denuncia candidato bloquista
Segundo o Alentejo Ilustrado, o caso da insolvência tinha sido divulgado por Pedro Ferreira, candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara de Évora, que explicara que a empresa “enviou no dia 29 de julho deste ano um email aos seus trabalhadores (…) a informar do não recebimento de qualquer salário pelo seus serviços prestados. Até hoje, os salários em atraso ainda não foram repostos”.
O Bloco de Esquerda terá recebido “com espanto” a notícia já que esta é “uma das maiores empresas da área das novas tecnologias” e “possui o monopólio na gestão informática dos municípios do distrito de Évora”, tendo recentemente recebido “cerca de 85 mil euros para a implementação dos bairros digitais”.
O candidato bloquista acrescenta: “não compreendo entidades como a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, [que] empurram a operação do dia a dia da informática municipal para uma empresa privada e colocam em risco todos os serviços informáticos do distrito”. Agora, questiona, “Évora poderá ficar sem serviços informáticos, as autarquias poderão ficar sem serviços informáticos”.