O anúncio surgiu este domingo, na sequência dos apelos de ativistas do grupo Boycott, Divestment and Sanctions (Boicote, desinvestimento e sanções - BDS), que alertaram que o concerto seria visto como um apoio a Israel, mesmo sem existirem comentários sobre a situação política.
De acordo com um comunicado divulgado pela promotora Naranjah, Lorde recebeu “um grande número de mensagens e cartas”.
Entre aqueles que contactaram Lorde encontram-se a professora, sindicalista e ativista palestiniana Nadia Abu-Shanab, e a judia Justine Sachs, escritora e ativista que cofundou Dayenu: Judeus da Nova Zelândia contra a ocupação.
“Cara Lorde… somos duas mulheres sedeadas em Aotearoa [Nova Zelândia], uma judia e uma palestiniana”, escreveram.
“Hoje, milhões de pessoas opõem-se às políticas de opressão, limpeza étnica, violação dos direitos humanos, ocupação e apartheid do governo israelita. Como parte desta luta, acreditamos que o boicote económico, intelectual e artístico é uma forma eficaz de denunciar estes crimes. Esta prática foi eficaz contra o apartheid na África do Sul e esperamos que volte a resultar”, lê-se na carta.
Nadia Abu-Shanab e Justine Sachs assinalaram ainda que “podemos hoje desempenhar um papel importante na luta contra a injustiça”. “Exortamo-la a agir no espírito dos neozelandeses progressistas que vieram antes de si e a manter o seu legado”, vincaram.
Lorde acabou por reconsiderar a sua decisão e cancelar o concerto: “Tive muitas discussões com pessoas, com vários pontos de vista, e penso que a decisão correta nesta altura é cancelar o espetáculo”, lê-se na posição da cantora.
Lorde assumiu, inclusive, ter tomado a decisão errada ao aceitar atuar em Israel: “Não tenho orgulho em assumir que não tomei a decisão certa”.