Flotilha para Gaza

Comissão Europeia acusa Flotilha de “escalar a situação”

08 de setembro 2025 - 16:50

Em Tunes, a Flotilha foi recebida em festa. Alguns dos ativistas saíram dos barcos e prestaram declarações enquanto outros se mantiveram a bordo para prevenir sabotagens. Enquanto não se lhes juntam, os ativistas provenientes da Sicília fazem uma leitura simbólica dos nomes das crianças mortas em Gaza pelo ocupante israelita.

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Receção da Flotilha em Tunes.
Receção da Flotilha em Tunes. Foto de MOHAMED MESSARA/EPA.

Uma porta-voz da Comissão Europeia, Eva Hrncirova, acusou esta segunda-feira a flotilha de barcos que se cruza o Mediterrâneo para levar ajuda humanitária a Gaza, rompendo o cerco israelita, de “poder escalar a situação”.

“Não encorajamos flotilhas como esta porque basicamente podem escalar a situação e também podem pôr os seus participantes em risco”, afirmou. Acrescentou ainda que a União Europeia acredita que “a melhor forma” de fazer chegar ajuda humanitária será através de organizações parceiras que trabalham no terreno. A responsável da Comissão não disse em concreto como isto funcionaria no atual contexto em que as organizações humanitárias internacionais estão impedidas de trabalhar, restando apenas uma organização controlada pelo ocupante, em que as mortes à fome causadas pela guerra sionista continuam a aumentar e em que os civis que buscam alimentos chegam a ser assassinados pelas tropas israelitas.

E avançou ainda: “o que tentamos fazer é persuadir as autoridades israelitas a não impor obstáculos e a não impor quaisquer problemas logísticos ou de registo aos nossos parceiros humanitários. Tentamos aumentar o número de camiões que chegam a Gaza e, principalmente, tentamos acabar com o sofrimento da população em Gaza”, devendo isto ser feito “mantendo os canais com Israel abertos e falando com as autoridades israelitas”, disse.

Entretanto, os barcos que partiram de Barcelona foram chegando na noite e madrugada de domingo ao porto de Sidi Bou Said, a cerca de 20 quilómetros da capital da Tunísia. onde foram recebidos em festa.

Muitos dos ativistas vão ficar nos barcos, para prevenir qualquer tentativa de sabotagem, mas outros vieram a terra e está mesmo prevista uma concentração à porta da embaixada dos Estados Unidos em Tunes para denunciar a cumplicidade do governo estadunidense com o genocídio.

A ativista ambiental Greta Thunberg foi uma das que saiu dos barcos, tendo dirigido a sua intervenção aos governos ocidentais: “acabem a vossa cumplicidade com este genocídio, sejam humanos”, afirmou.

Thiago Ávila, ativista brasileiro, salientou na mesma ocasião que o número de barcos e pessoas que participam nesta tentativa de romper o cerco israelita é maior do que a soma dos que participaram em tentativas anteriores e que está em sintonia com um “levantamento global” contra o genocídio a que se assiste no mundo.

Enquanto navegam ao seu encontro, os ativistas da componente da Sicília irão proceder a um momento simbólico, pensado como “um ato de amor e um momento partilhado de luto” durante o qual vão os nomes das crianças mortas em Gaza pelo ocupante israelita.