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Biden recua sobre despejos, esquerda dos democratas canta vitória
Com o fim do mês de julho, a moratória federal que impedia despejos nos Estados Unidos chegou ao fim. Joe Biden, escudava-se numa decisão do Supremo Tribunal e chutava a responsabilidade de um prolongamento para a Câmara do Representantes. Aí, alguns Republicanos obstruíam a possibilidade de uma tomada de decisão unânime e a liderança Democrata era acusada pela esquerda da sua bancada de não ter levado mais longe o processo. O prazo esgotou-se assim e, na segunda-feira, os processos de despejo podiam novamente correr nos tribunais colocando em risco de despejo a curto prazo 3,6 milhões de pessoas.
No dia seguinte, veio a reviravolta. O Center for Disease Control and Prevention (CDC), organismo de saúde nacional responsável pela anterior moratória, veio anunciar que iria voltar a impedir despejos até ao próximo dia três de Outubro numa área em que habita 90% da população do país, os condados em que considera que há “níveis substanciais e elevados” de transmissão do vírus.
O presidente norte-americano falou na Casa Branca para reivindicar ter pressionado o CDC para voltar a considerar as suas opções mas continuou a expressar dúvidas sobre a constitucionalidade da medida. Para ela, a maior dos constitucionalistas afirmam que a medida é inconstitucional “mas há vários académicos importantes que consideram que podem ser [constitucional] e vale a pena o esforço”. Biden refere-se nestas declarações à votação do Supremo que decidiu que a moratória se poderia estender até ao fim de julho. O resultado ficou 5-4 mas um dos juízes da maioria, Brett Kavanaugh, deixou por escrito que para qualquer outra extensão seria necessária uma votação no Congresso.
Para além do mais, ainda que venha a ser contestada judicialmente, enquanto não houver uma decisão a moratória “irá provavelmente dar algum tempo adicional” para que os estados façam chegar as ajudas federais atrasadas aos inquilinos que delas precisam. O argumento do atraso na distribuição destes fundos foi, aliás, foi um dos argumentos que o CDC avançou para implementar a medida.
Esta decisão chega depois de cinco dias de pressão da ala esquerda do Congresso. Com Cori Bush, a enfermeira e congressista do Missouri que já viveu a situação de sem abrigo, a assumir a liderança do movimento, acampando à porta do Capitólio, gesto em que foi seguida por vários ativistas e representantes democratas como Alexandria Ocasio-Cortez e Jimmy Gomez.
Cori Bush recebeu o anúncio do prolongamento da moratória com “lágrimas de alegria” e nas suas redes sociais, congratulou-se com o desfecho da situação: “o nosso movimento moveu montanhas”.
On Friday night, I came to the Capitol with my chair. I refused to accept that Congress could leave for vacation while 11 million people faced eviction.
For 5 days, we’ve been out here, demanding that our government acts to save lives.
Today, our movement moved mountains.
— Cori Bush (@CoriBush) August 3, 2021
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