Bárbara Bulhosa constituída arguida por publicar “Diamantes de Sangue”

31 de janeiro 2013 - 19:10

A responsável editorial da Tinta-da-China foi constituída arguida depois de ter sido ouvida pelo DIAP. Bárbara Bulhosa considera que o processo instaurado por sete generais angolanos e duas empresas de segurança, por causa do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola" do jornalista Rafael Marques, é uma “tentativa de intimidação”.

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Bárbara Bulhosa considera que o processo instaurado por sete generais angolanos e duas empresas de segurança, por causa do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola" do jornalista Rafael Marques, é uma “tentativa de intimidação”.

"Interpreto este processo como uma tentativa de intimidação não só ao Rafael Marques (...) mas também à Tinta-da-China (a editora do livro) e, principalmente, parece-me que é um precedente perigoso porque é uma intimidação a todos os jornalistas e todos os editores ao investigarem matérias mais sensíveis que possam envolver altas figuras do Estado angolano. É uma forma de os pressionar a não avançarem", afirmou Bárbara Bulhosa em declarações a jornalistas, segundo a agência Lusa.

O processo em Portugal foi posto por sete generais angolanos e duas empresas de segurança contra o autor do livro, o jornalista angolano Rafael Marques, e contra a editora Bárbara Bulhosa, responsável editorial da Tinta-da-China.

Entre os queixosos estão os generais Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da casa militar da Presidência da República de Angola; António dos Santos França “Ndalu”, deputado do MPLA e presidente da empresa sul-africana de diamantes De Beers em Angola; Carlos Vaal da Silva, inspetor-geral do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA); Armando Neto, governador de Benguela e ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; João de Matos, também ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA.

O general Hélder Vieira Dias “Kopelipa” está atualmente a ser investigado em Portugal pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal no âmbito de um processo relacionado com alegados casos de corrupção e fugas de capitais.

O escritório PLMJ, de José Miguel Júdice, é quem representa os generais angolanos e as duas empresas de segurança no processo.

À Lusa, Bárbara Bulhosa refere que foi constituída arguida “como cúmplice por ter publicado o livro" e que está convencida da "veracidade e credibilidade" da investigação que deu origem ao livro.

José Manuel Mesquita, advogado de Bárbara Bulhosa, disse ao jornal “Público”, que se o Ministério Público deduzir acusação não pedirá instrução do processo. “Vamos logo para julgamento”, afirma e salienta: “Se querem questionar a veracidade dos factos, vamos ver a veracidade dos factos."

O livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola" já vendeu 7 mil exemplares e em breve sairá a sua 5ª edição, com mais 1.500 exemplares.

Mais informação sobre este tema em Destaque: Diamantes de sangue em Angola