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Amazon admite que há trabalhadores que são forçados a urinar em garrafas

Depois de ter negado a acusação de um deputado norte-americano, a empresa recuou, reconheceu que há trabalhadores da Amazon que são forçados a fazer as necessidades em garrafas e sacos, devido aos ritmos de trabalho que lhes são impostos.
Amazon. Foto de FRIEDEMANN VOGEL, EPA/Lusa (arquivo)
Amazon. Foto de FRIEDEMANN VOGEL, EPA/Lusa (arquivo)

O deputado norte-americano Mark Pocan escreveu no twitter que "o facto de pagar 15 dólares por hora", não faz da Amazon um "lugar progressista para trabalhar". E acrescentou: "Não, quando obrigam os vossos empregados a urinar em garrafas de plástico".

A Amazon respondeu na sua conta oficial, afirmando que o deputado não devia acreditar nessa história do “xixi nas garrafas” e acrescentou: "Se fosse verdade, ninguém trabalharia para nós".

Porém, diversos órgãos de comunicação relataram denúncias de trabalhadores da empresa, que contavam situações dessas. O The Intercept divulgou documentos internos que provam essa situação.

Na sequência, a Amazon foi obrigada a pedir desculpa ao deputado e a admitir que a denúncia é verdadeira, embora refira justificações.

"Sabemos que os nossos condutores podem tido problemas para encontrar casas de banho por causa do trânsito ou por estarem em estradas rurais, e particularmente por causa da covid-19, muitas casas de banho públicas foram encerradas", escreveu a Amazon num comunicado, divulgado na passada sexta-feira, 2 de abril e referido pela Lusa.

"Devemos um pedido de desculpa ao congressista Pocan", acrescentou ainda a empresa, reconhecendo que a sua resposta inicial foi “incorreta”, justificando que “não teve em consideração os motoristas e focou-se no que se passa nos centros de distribuição". Segundo a empresa, nos centros os trabalhadores podem "sair do seu posto em qualquer altura" para ir às "dezenas de casas de banho" que têm à disposição.

Mark Pocan respondeu de novo, afirmando que o problema não era ele, mas os trabalhadores a quem a Amazon não confere "respeito e dignidade". "Comecem por reconhecer as condições de trabalho inapropriadas que criaram para todos os vossos trabalhadores", frisou o deputado.

"Urinar nas garrafas e defecar nas sacolas"

O The Intercept denunciou que os trabalhadores que fazem as entregas da empresa eram muitas vezes forçados a urinar em garrafas e até a defecar nas sacolas da empresa, devido aos ritmos de trabalho.

O jornalista Ken Klippenstein salientou: “os trabalhadores da Amazon com quem conversei disseram que a prática era tão difundida, devido à pressão para cumprir os ritmos de trabalho, que os gestores faziam referências frequentes a ela durante reuniões, em documentos formais sobre regras, e em e-mails fornecidos ao Intercept”. O site divulgou alguns desses documentos que provam a afirmação e foram essenciais para a Amazon recuar.

“Conforme mostram esses documentos, a prática era conhecida pela gerência, que a identificou como uma infração recorrente, mas nada fez para aliviar a pressão responsável por tais situações. Em alguns casos, os funcionários chegam a defecar em sacolas”, acrescentou ainda o jornalista.

Apoio de Bernie Sanders à sindicalização pressiona a Amazon

Segundo o The Intercept, a viagem agendada de Bernie Sanders a Bessemer, no Alabama, em apoio à campanha de sindicalização dos trabalhadores, levou a Amazon a desencadear ações de propaganda e provocatórias, diretamente ao senador da esquerda do Partido Democrata. Dizendo diretamente a Bernie Sanders “se você quer ganhar pelo menos 15 dólares por hora e ter um bom plano de assistência médica, a Amazon está a contratar”. Outros deputados denunciaram as práticas autoritárias e repressivas da Amazon, como foi o caso de Mark Pocan.

Bernie Sanders escreveu no twitter que “os trabalhadores da Amazon no Alabama estão fartos de serem tratados como robôs” e que tem muito “orgulho em apoiá-los”.

 

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