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Alzheimer: O que impede doentes de reconhecer pessoas?

Uma pesquisa recente contribuiu para clarificar o mecanismo que leva a que pacientes com Alzheimer tenham dificuldade em reconhecer as caras de familiares ou de celebridades.
Foto de Paul Hardy/Flickr

Um estudo recente sobre percepção facial apresenta novas explicações sobre os mecanismos que levam a que os pacientes com Alzheimer não consigam reconhecer as caras dos seus familiares e amigos mais próximos. O estudo demonstrou que a doença, além de provocar problemas de memória, também prejudica a perceção visual do reconhecimento facial.

A pesquisa foi feita por uma equipa liderada por Sven Joubert, e demonstra que de o problema de reconhecimento facial é originado por um problema de percepção holístico, e não por um problema de memória geral. Este resultado permitirá a utilização de estratégias mais específicas para ajudar os pacientes a reconhecerem por mais tempo as caras das pessoas que lhes são familiares.

O reconhecimento facial desempenha um papel muito importante na comunicação entre humanos, que evoluíram no sentido de se especializarem na rápida deteção e reconhecimento de caras de outros humanos. Pensa-se que esta capacidade depende, por um lado, da perceção da cara como um todo, um processo a que se chama “perceção holística”. Por outro lado e atuando de forma complementar, o cérebro humano também desempenha a perceção localizada e detalhada, que permite a individualização de estruturas faciais separadas, como os olhos, a testa ou a boca. 

A pesquisa de Sven Joubert demonstrou que o Alzheimer prejudica a perceção holística da estrutura facial. A equipa estudou um grupo de pacientes com Alzheimer e outro grupo de idosos saudáveis (o grupo de controlo) a quem foram mostradas imagens de caras e de carros, apresentadas na orientação normal ou de pernas para o ar. 

Os dois grupos tiveram resultados semelhantes no que tocou ao reconhecimento de caras e de carros de pernas para o ar. Para o fazer, o cérebro deve recorrer à análise local dos vários componentes visuais.

Contudo, no teste com imagens de caras na orientação normal, os pacientes com Alzheimer foram muito mais lentos e cometeram muito mais erros do que as pessoas do grupo controlo. Esse resultado levou os investigadores a concluir que o reconhecimento facial holístico fica especialmente prejudicado pela doença.

Relativamente às imagens de carros na orientação normal, os pacientes com Alzheimer demonstraram um reconhecimento normal e tal tarefa não requer reconhecimento holístico, o que bate certo com a teoria de que a doença o prejudica. Os resultados sugerem que o Alzheimer leva a problemas de percepção especificamente com caras, e que estes problemas de reconhecimento surgem logo nos estádios iniciais da doença.

O estudo de Sven Joubert, do Centro de Pesquisa do Instituto Universitário de Geriatria de Montréal e professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Montréal, e foi publicado no Journal of Alzheimer's Disease.

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