O livro “Lisboa e a Airbnb”, recentemente publicada por José Alberto Rio Fernandes — o presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos — em parceria com o economista Luís Carvalho e os geógrafos Pedro Chamusca, Ana Gago e Thiago Mendes, mostra dados sobre a habitação em Lisboa e o turismo. É um atlas inédito do Airbnb e permite compreender quão repentina foi a explosão do alojamento local por toda a Área Metropolitana de Lisboa. A outra grande novidade é o quão concentrados estão os rendimentos do aluguer de curta duranção na mão de apenas alguns proprietários.
O estudo divulga que o número de propriedades listadas na plataforma de Airbnb subiu de 3 (2009) para 48785 (outubro de 2018, altura em que entrou em vigor a nova lei do alojamento local). Só nesses dez meses de 2018, o número de propriedades cresceu mais do que nos primeiros seis anos de presença da Airbnb na AML. De resto, sabe-se que mais de um terço dos alojamentos são os tais quartos que estiveram na génese da Airbnb enquanto símbolo da chamada “economia da partilha”
No concelho de Lisboa, mais de 21 mil (67%) destas propriedades são casas ou apartamentos inteiros. A larga maioria concentra-se no tecido antigo da cidade, onde se localizam mais de 300 das 500 propriedades mais rendáveis da Airbnb. A média do número de propriedades por anfitrião na área metropolitana da capital passou de 1,28 em 2011 para 2,16 em outubro de 2018. Por sua vez, o regime de partilha de facto (quartos privados ou partilhados) representa menos de 10% do total da receita do Airbnb no concelho de Lisboa.
Revela-se ainda que há 25 proprietários que exploram mais de 60 propriedades cada um. O maior proprietário tem 437 propriedades listadas. Em valores agregados, este pequeno grupo gerou um rendimento superior a €24,4 milhões nos 12 meses terminados em outubro de 2018, representando mais de 8% da receita total gerada neste área geográfica através da Airbnb. As 500 propriedades mais rentáveis representam 10% do rendimento gerado pela totalidade das propriedades listadas.