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2021 a caminho de ser o ano com pior saldo natural em Portugal

Regista-se um recorde histórico mínimo de nascimentos no país e um número muito elevado de mortes sobretudo em janeiro deste ano. Há 13 anos consecutivos que o número de pessoas que nascem em Portugal é inferior ao número das pessoas que morrem.
Mãe e bebé. Foto: Freepik.
Mãe e bebé. Foto: Freepik.

2021 será o 13º ano consecutivo em que Portugal vai ter um saldo natural negativo. A tendência de haver mais mortes do que nascimentos no país mantém-se desde 2009 mas agravou-se nestes últimos dois anos.

O ano passado foi o pior deste século. E, se for feita a comparação com o século XX, apenas o ano de 1918 foi pior, devido aos milhares que morreram por causa da gripe pneumónica, o que fez com que o saldo natural chegasse nessa altura aos menos 71.819 mil.

As contas deste ano ainda não estão fechadas mas, se a tendência se mantiver, 2021 arrisca-se a ter um saldo mais negativo do que 2020. Os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística que fazem parte do relatório de “acompanhamento do impacto social e económico da pandemia” e que foram divulgados pelo jornal Público mostram que, entre janeiro e outubro, o saldo natural atingiu menos 37.596. Um número que supera em quase dez mil o mesmo período de 2020, no qual este saldo chegou aos menos 27.597.

Contudo, há uma diferença importante entre os dois anos: em 2020 a causa do saldo negativo foi uma subida inusitada do número de mortes (10,2% relativamente ao ano anterior), em 2021 trata-se sobretudo de uma descida acentuada da natalidade. Nasceram até outubro menos quase seis mil bebés do que em igual período do ano passado.

Apesar desse ser o fator mais relevante, sublinhe-se que também a mortalidade subiu com a terceira vaga da pandemia. Entre janeiro e novembro morreram 113.653 pessoas em Portugal. Mais 2.970 do que em 2020 e mais 11.378 do que em 2019. Janeiro foi o pior mês do ano com 19.671 mortes, 29.4% das quais por Covid-19. Os números de mortes começaram a descer em fevereiro, tendência que se foi mantendo ao longo do ano.

Sobre a natalidade, os especialistas consultados por aquele jornal sublinham o contexto de incerteza que terá implicado o adiamento de muitas famílias de ter filhos. O mesmo já se tinha verificado o ano passado mas aí a diminuição da natalidade foi só de 2,6%.

Para além de faltarem os números de nados-vivos e falecimentos dos últimos meses do ano, é preciso ainda juntar às contas sobre o total da população o saldo migratório. Mas para fazer a diferença relativamente à tendência apontada, dizem os especialistas, este teria de ser bastante positivo.

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