Após ter sido avançada a possibilidade de estar iminente a saída do ministro da Economia Álvaro dos Santos Pereira do governo, esta segunda-feira surge o anúncio de que será o secretário de Estado da Energia a abandonar o executivo. Henrique Gomes será substituído por Artur Trindade, diretor do serviço de custos e proveitos da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
Confrontado com esta nova informação, o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares sublinhou que em causa está “um secretário de Estado que tinha em mãos um dossier imenso, como o preço da eletricidade e como o preço dos combustíveis, uma área onde os portugueses pagam dos preços mais elevados na Europa”.
O deputado bloquista lembrou ainda que Henrique Gomes já teria anunciado que pretendia encetar “ uma reforma que retirava as rendas abusivas, particularmente no setor da eletricidade”, o que lhe valera o confronto direto com António Mexia, presidente da EDP, entre outros.
“Percebemos que, afinal, este secretário de Estado era, aparentemente, o elo fraco deste jogo e que os consumidores ficaram a perder enquanto os grandes grupos económicos ficaram a ganhar com esta escolha”, afirmou Pedro Filipe Soares, adiantando que a nomeação, para secretário de Estado da Energia, de “um membro de uma entidade reguladora dita independente diz muito sobre a independência destes reguladores”.
Cavaco Silva já terá aceite a proposta do primeiro-ministro para a nomeação de Artur Trindade, sendo que este tomará posse enquanto secretário de Estado da Energia esta terça-feira.
Bloco pede audição
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda já requereu a audição do atual Secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, e do Ex-Secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, para prestar esclarecimentos sobre a renegociação dos contratos com as produtoras de eletricidade.