Miguel Portas: “Sei que há quem transpire e quem suspire pela entrada do FMI”

11 de janeiro 2011 - 11:25

O eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas afirmou, num comício na Marinha Grande com Manuel Alegre, esta terça-feira, que a entrada do FMI "serve apenas para vergar e para dobrar a espinha” do país.

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Referindo-se ao candidato Manuel Alegre, Miguel Portas disse ainda gostar de “um Presidente da República que ache que o trabalho é o futuro deste país” e que “em Belém não se resigne”. Foto Paulete Matos.

No discurso durante o comício de apoio a Manuel Alegre, que decorreu na Marinha Grande, Miguel Portas afirmou saber que “há quem transpire e quem suspire pela entrada do FMI em Portugal”. “Porque era do estrangeiro que viriam as encomendas que eles cá não têm coragem de dizer que defendem”, acusou o eurodeputado do Bloco de Esquerda.

“O FMI serve para uma única coisa: para vergar, para dobrar a espinha e exactamente o que eu quero é um candidato e um presidente que nos diga a todos que nunca há apenas um modo de resolver os problemas, que é de joelhos”, considerou.

Segundo Miguel Portas, “Manuel Alegre sabe que o povo não come eternamente défice”. “Ninguém come défice ao pequeno-almoço, défice ao almoço, défice ao jantar e ou há uma política para criar emprego, que não desiste do crescimento sustentado, ou estamos todos feitos, como temos estado a ser feitos”, alertou o eurodeputado.

Referindo-se ao candidato Manuel Alegre, Miguel Portas disse ainda gostar de “um Presidente da República que ache que o trabalho é o futuro deste país” e que “em Belém não se resigne”.

Já o candidato presidencial afirmou que começa a ser “comprometedor” o silêncio da Cavaco Silva sobre uma eventual entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, contrapondo que esta é hora de resistência.

“O caminho não é estar de joelhos, não é capitular, não é abdicar, não é fazer o papel de bem comportado, não é o da submissão a essa entidade mítica dos mercados financeiros. O caminho é resistir e defender o interesse nacional”, declarou Manuel Alegre no comício da Marinha Grande.

Para o candidato, o primeiro que tinha a obrigação de explicar aos portugueses e à Europa as consequências de uma entrada do FMI em Portugal era o Presidente da República.

Na sua intervenção, Manuel Alegre começou por evocar os trabalhadores da Marinha Grande que foram deportados para o Tarrafal durante o Estado Novo, mas também as cargas policiais de que foram alvo após o 25 de Abril. “A minha memória é também a dos trabalhadores e vidreiros que sofreram violentas cargas policiais quando o primeiro-ministro era Cavaco Silva”, disse, provocando assobios na plateia. “É bom não esquecer”, insistiu Alegre.

Cavaco “sem comentários” sobre o FMI

O candidato presidencial Cavaco Silva recusou comentar a sugestão do seu adversário Manuel Alegre de se "interromper a campanha para fazer diligências junto de chefes de Estado da União Europeia" relativas aos juros da dívida portuguesa.

Manuel Alegre disse na Marinha Grande que Cavaco Silva teria o seu apoio se quisesse "interromper a campanha" para as presidenciais de 23 de Janeiro para, como Presidente da República "fazer diligências junto de chefes de Estado e de entidades da União Europeia" com a intenção de travar a subida dos juros da dívida de Portugal, em defesa da "soberania nacional".

Questionado pelos jornalistas à entrada para um jantar-comício num restaurante de Pombal sobre esta sugestão de Manuel Alegre, Cavaco Silva respondeu: "Não me merece qualquer comentário".

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