Swaps: Buraco ultrapassa já os 1.800 milhões de euros

07 de December 2014 - 15:44

As perdas potenciais dos 52 swaps feitos por empresas públicas continuam a subir, ultrapassando já os 1.800 milhões de euros. Entre janeiro e setembro, as perdas potenciais aumentaram mais de 250 milhões de euros.

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“Os swaps especulativos são equiparados a contratos de jogo e de aposta” - Foto de SalFalko/flickr

O jornal “Expresso” teve acesso a dados que a Direção-Geral do Tesouro e Finanças publicará em breve e que apontam para um agravamento significativo nas perdas potenciais dos 52 swaps, que ainda restam, feitos por empresas públicas.

Em 2013, o governo cancelou 69 swaps de empresas públicas, pagando de imediato 1.009 milhões de euros. Ficaram então a restar 52 swaps, que em dezembro de 2013 representavam perdas potenciais de 1.543 milhões de euros.

Desde então o buraco tem vindo a aumentar, porque as taxas de juro, nomeadamente a Euribor, continuam a descer.

Assim, entre janeiro e junho de 2014 as perdas agravaram-se em 212,4 milhões de euros. De janeiro até setembro o aumento das perdas foi superior a 250 milhões, e as perdas totais dos 52 contratos ultrapassam já os 1.800 milhões de euros.

Como a taxa Euribor média caiu no primeiro semestre 0,12 pontos e continuou a cair desde então (mais 0,1 pontos), as perdas dos swaps continuam a crescer.

Os ganhos do Santander e o “pior swap do mundo”

Segundo o “Expresso”, a maior parte das perdas diz respeito a 9 contratos feitos com o banco Santander e representa, nos últimos três meses, 70% do total das perdas potenciais. Estes contratos com o Santander são considerados como tóxicos pelo governo, que os está a contestar em tribunal. A decisão é de tribunais britânicos e poderá ser conhecida no próximo ano.

Os contratos tóxicos mais gravosos foram feitos pelas empresas Metro do Porto e Metro de Lisboa e alguns têm perdas potenciais de centenas de milhões de euros. Um dos contratos do Metro do Porto foi considerado pela imprensa internacional como “o pior swap do mundo”.

Há ainda outros 43 swaps em vigor, que envolvem diversas empresas, nomeadamente o Metro de Lisboa (16) e a Tap (11). Estes swaps também têm perdas potenciais, embora inferiores, e envolvem diversos bancos, como o Merrill Lynch, o BBVA ou o Royal Bank of Scotland.

Em entrevista ao esquerda.net em 2013, a economista Eugénia Pires apontava que “os swaps especulativos são equiparados a contratos de jogo e de aposta”.

A economista discordava então da solução adotada pelo governo e referia: “O governo optou pela via negocial tornando efetivas perdas da ordem dos mil milhões de euros através da denúncia com liquidação dos contratos de swap. Esta solução enquadra-se numa abordagem que apenas contempla a lógica do mercado, que menospreza o facto de o país não estar em condições de esbanjar recursos e das empresas não terem capital chegando a transformar o Estado em intermediário financeiro”.