Escolas podem não ter dinheiro para pagar aquecimento

12 de September 2011 - 13:16

O aumento do IVA sobre o preço do gás e da electricidade a partir de Outubro poderá implicar cortes no aquecimento e até em actividades curriculares em vários estabelecimentos, alerta a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

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"O aumento do IVA é substancial e vai ser com dificuldade que as escolas vão ter capacidade para suportar este aumento, até porque os orçamentos das escolas já estão bastante esmagados", disse o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Há escolas em risco de não conseguirem pagar a luz, alerta o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Adalmiro Lourenço. O aumento do IVA sobre a electricidade e o gás, de 6 para 23 por cento, associado aos cortes no financiamento do ensino público, vai deixar muitas escolas em risco de não conseguirem pagar as suas facturas. A despesa poderá subir em mais de 3000 euros.



"Como vão conseguir manter as escolas em funcionamento, sobretudo com estas despesas de IVA?" O alerta é de Adalmiro da Fonseca, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). "Todos os colegas se queixam disso com preocupação", disse ao Diário de Notícias (DN)o também director da Escola Secundária de Oliveira do Douro.



Adalmiro da Fonseca admitiu que só em breve fará as contas aos custos acrescidos para o seu agrupamento - "ainda não tive coragem", ironizou. "O maior gasto nas escolas é electricidade e gás. O aumento do IVA é substancial e vai ser com dificuldade que as escolas vão ter capacidade para suportar este aumento, até porque os orçamentos das escolas já estão bastante esmagados. As escolas vão ter de pagar, obviamente, e vamos ter de fazer cortes onde seja possível, nas actividades curriculares e, provavelmente, no aquecimento”, precisou Adalmiro Lourenço, em declarações à Rádio Renascença.



Pelas contas do DN, não será difícil a uma escola ver a sua factura eléctrica anual aumentada em cerca de 3400 euros só por força do imposto. Actualmente, uma escola básica (o secundário é mais caro, porque tem ensino nocturno) gasta entre 2500 e 3000 euros mensais na conta da luz. Numa escola que tenha um orçamento anual de cem mil euros, isso representa entre 20 por cento e 36 por cento do total dos gastos. Com o aumento, o peso pode chegar aos 40 por cento.



"Este tipo de encargos - luz, água, comunicações - representa muito dinheiro", admite Manuel Esperança, presidente do Conselho das Escolas e director da secundária José Gomes Ferreira, de Lisboa. "E nós pagamos IVA, mas este não é devolvido, como sucede com as empresas."



"Não sabemos qual é a disponibilidade actual para reforçar as dotações. É verdade que as escolas têm de se gerir com o que têm", admitiu. "Mas trabalhamos com orçamentos apertados, de duodécimos, e qualquer aumento pesa" , disse.